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28 de setembro de 2011

5º lugar - 117 votos - O Caminho do Adepto, Franz Bardon - 23 Livros Essenciais da Magia


Franz Bardon, 1956

'Der Weg zum wahren Adepten'.
Este é o título original em alemão escrito em 1956 pelo escritor tcheco, Franz Bardon. Já foi traduzido como Initiation into Hermetics para o inglês, o que fez com que versões de Iniciação ao Hermetismo surgisse em conversas lado a lado com O Caminho do Adepto, apesar de serem a mesma obra. No Brasil este livro foi publicado com o sugestivo nome: Magia Prática - O Caminho do Adepto e trata-se da esquematização e impressão de um sistema de ensino do hermetismo que antes disso era passado apenas pela tradição oral e aprimorado por várias décadas de pesquisas.

Como muitas obras que lidam com magia, não podemos desprezar sua origem, ou a maneira com a qual foi concebida. O pai de Franz, Viktor Bardon, era um homem que apesar de possuir grande desenvolvimento espiritual, nunca foi iniciado, por conta disso orava fervorosamente, todos os dias para que pudesse, eventualmente, encontrar um Grande Mestre que o guiasse pela senda da iluminação espiritual, o resultado disso foi a encarnação em seu filho mais velho, Franz, do espírito do Grande Iniciado. Esta encarnação seria o espírito que outrora habitara os corpos de grandes iniciados na história da humanidade, de Apolônio de Tiana a Michel de Nostradamus, passando por outros como Lao Tsé.

Claro que não é possível se confirmar tal afirmação, mas ela é preciosa por um único motivo: uma história dessas, para ser preservada e contada, apenas mostra o nível de conhecimento e desenvolvimento das técnicas expostas em seu trabalho por Bardon, o filho. Durante sua vida, suas habilidades nas artes arcanas lhe garantiram muita fama, Hitler, inclusive, ofereceu a ele altos cargos no Reich caso ele colocasse seus conhecimentos a serviço do Füher, proposta recuada por Bardon, o que lhe garantiu tanto ao mestre, quanto a seus discípulos, uma temporada nas salas de tortura dos nazistas.

Independente do que o autor era capaz de realizar, o seu livro se encontra nesta lista por aquilo que ele era capaz de ensinar. As obras de Franz Bardon constituem um Sistema Mágico completo e perfeito, totalmente científico e racional, dando ênfase à prática, buscando não filosofia ou perdendo tempo com espiritualidade, mas oferecendo resultados tangíveis.

Por muitos anos o autor agregou a seu redor inúmeros alunos, com quem compartilhava seus conhecimentos, que recebiam aquilo que era ensinado na forma de exercícios e lições. Seus ensinamentos, além de serem claros, completos e sérios, retratavam um Mestre honesto e competente. Seu Sistema é isento de isento de ideologias ou conceitos religiosos, sendo adequado a todos os estudiosos, pois pouco importa sua tendência filosófica ou mística.

A origem do conhecimento condensado neste volume em especial, é descrita da seguinte forma pelo autor: “Este sistema, montado com o maior cuidado e a mais extrema ponderação, não é um método especulativo, mas o resultado positivo de trinta anos de pesquisa, de exercícios práticos e de repetidas comparações com muitos outros sistemas das mais diversas lojas maçônicas, sociedades secretas e de sabedoria oriental, acessíveis somente aos excepcionalmente dotados e alguns raros eleitos. Portanto – é bom lembrar – partindo da minha própria prática e indo de encontro à prática de muitos, que com certeza ele já foi aprovado, sobretudo pelos meus alunos, e considerado o melhor e mais útil dos sistemas.”

De todos os livros escritos por Bardon este, em especial, se diferencia dos outros é trazer em si uma parte teórica que põe o estudante em contato com tudo o que precisará para desenvolver então a segunda parte, a prática, dividida em dez graus, cada um acompanhando a evolução do novo adepto (ou nova adepta). Cada um deles possui algumas informações relevantes acompanhadas de exercícios que devem ser completamente dominados antes de se passar para o grau seguinte. Evoluindo no sistema proposto um universo de possibilidades se descortina na frente do magista sem que ele tenha que aceitar qualquer coisa por causa das tradição ou por um simples argumento de autoridade.

Cada um dos exercícios foi desenvolvido especialmente para que o praticante possa trabalhar com a evolução do espírito, da mente e do corpo. Um paralelo interessante deste tratado é: da mesma forma que antigos alquimistas ligavam a magia à química através da alquimia, Bardon une a magia à biologia através do hermetismo, enquanto muitos autores escreveram sobre como o mundo espiritual e intelectual regiam o mundo mágico superior e invisível, Bardon mostra como o mundo "invisível" está presente em nosso organismo, e como nosso corpo responde a isso. Por isso muita da teoria mostra justamente essa relação organismo - magia.

E mesmo a parte teórica, no inicio da obra, é surpreendentemente reduzida.  Menos de 10% de todo o texto é usado para expor conceitos essenciais como os quatro elementos, o Akasha, as leis de causa e efeito. E isso é proposital. A condição que Bardon deixa clara para seus estudantes é que cada um veja por si próprio os resultados de sua própria magia. Ao invés de se perder em explicações demoradas ele coloca as ferramentas na mão do adepto para que ele possa chegar as suas próprias conclusões com as suas próprias experiências. E isso é algo raro em um mundo onde os grandes mestres acabam dando mais ênfase naquilo que você deveria saber ou como deveria se comportar ao invés de simplesmente dizer o que você deve fazer.



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6º lugar - 110 votos - Ethos, the Magical Writings of Austin Osman Spare, Austin Osman Spare - 23 Livros Essenciais da Magia


Austin Osman Spare, meados de 1930

Austin Osman Spare fez para a magia o que o movimento punk fez para a música: rompeu as tradições anteriores e com um estilo sarcástico e niilista aplicou o princípio de autonomia do "faça você mesmo" à magia. Assim como os grande mestres da pintura de vanguarda do século XX, ele dominou completamente as técnicas clássicas antes de subvertê-las, nas inovações criativas de seus próprios rabiscos. Foi iniciado tanto na A Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn) quanto na OTO e na Astrum Argentum, e depois de absorver tudo o que pode se afastou para desenvolver seu sistema pessoal.

Sua pena não poupava críticas nem mesmo aos próprios magistas cerimoniais, caracterizados pelos membros médios destas ordens acima citadas, dos quais ele escreveu em O Livro do Prazer:  "Outros glorificam a magia cerimonial e acreditam que passam assim por grande êxtase! Nossos hospícios estão lotados, o palco já está cheio! É simbolizando que nos tornamos simbolizados? Onde eu corôo a mim mesmo, me torno Rei? Ao contrário eu deveria ser objeto de repulsa e pena. Estes magistas, de quem a falta de sinceridade é o abrigo, não passam de dendês desempregados dos prostíbulos."

Spare sinceramente se incomodava quando o simples teatro substituía a grande obra. Como alternativa ele propôs uma abordagem muito mais atávica. Seu sistema mágico nasceu de seus próprios estudos psicológicos e principalmente de sua experiência pessoal, nas palavras de Austin: "Se a mente reprime certos impulsos, desejos, medos e similares e estes possuem o poder de serem tão efetivos a ponto de moldar e determinar inteiramente a personalidade consciente de uma pessoa até seus níveis mais sutis, isso significa então que o simples fato de reprimir (esquecer) os impulsos, desejos, etc.. possui a habilidade de criar uma realidade para qual tenha sido negado acesso desde que, de alguma forma, ela esteja presente na mente consciente. Sob certas condições aquilo que é reprimido se torna ainda mais poderoso do que o que sobrou na mente consciente."

Em resumo ele defendia que pensamentos intencionalmente reprimidos se tornam enormemente efetivos na proporção direta com que são rejeitados. Concluía que se complexos psicológicos possuem tanto poder em formar a realidade das pessoas então a conclusão lógica é que a mente subconsciente é a verdadeira fonte de todo poder mágico. Todas as suas técnicas tinham portanto como objetivo tornar um desejo uma parte orgânica da mente subconsciente. Foi desta maneira que surgiram seu Alfabeto dos Desejos, seu processo de sigilização, sua Postura da Morte e seus desenhos automáticos.

A busca pela realidade última, tradicionalmente simbolizada pela comunhão como Sagrado Anjo Guardião, foi substituída por Spare pelo culto de Zos e Kia, uma versão sinceramente mais sexualizada e carnal onde onde Zos é o corpo considerado como um todo e Kia é o Eu superior acima de todo rótulo. A grande influência dos escritos de Austin Osman Spare é portanto fazer a grande separação entre magia e religião. Se por um lado seu antecessor Aleister Crowley possuía uma postura profana e defendia a magia como uma busca individualizada pelo sagrado, a partir de Spare palavras como Sagrado e Profano perderam o significado dentro do ocultismo.

O estilo da escrita deste autor é divertido, mas ao mesmo tempo esquisito e provocador. Enquanto outros autores conseguem expor as idéias de Spare de forma mais clara e didática, os escritos aqui reunidos servem para ensinar o magista a perceber diferentes estados de ser, e a forma com que Spare conseguia isto para si. Este livro é um dos melhores manuais sobre guerrilhas mágicas. Se por um lado o autor não estava interessado em ensinar ninguém por outro ele nos dá acesso completo a sua mente, que escreve quase como se estivesse pensando sozinho. Existem diversas compilações do seu trabalho em língua inglesa, sendo que 'Ethos, the Magical Writings of Austin Osman Spare' foi a selecionada para nossa biblioteca por conter as suas principais referências diretas a prática mágica, incluindo Micrologus, the Book of Pleasure, the Witches Sabbath, Mind to Mind e How by a Sorcero.

Em Micrologus encontramos uma coleção de idéias e pontos de vista de Spare. Logo em seguida, com o Book of Pleasure, encontramos o texto base para o sistema criado por ele, onde discorre sobre sua filosofia a respeito de crenças e como elas afetam nossa vida e nosso livre arbítrio, a origem de nossos desejos mais íntimos e como nossa visão e percepção da realidade é afetada por nossa condição dual e então nos ensina a como deixar essa ilusão para trás. Também encontramos aqui teorias a respeitos do ciclo de encarnações, o subconsciente, simbolismo, desenho automático e sigilização, além dos conceitos sobre Kia e Auto-Amor.

Os outros dois escritos, The Witche's Sabbath e Mind to Mind trazem, respectivamente, uma fórmula mágica assim como o ritual apropriado para utilizá-la e instruções práticas para a prática da divinação.

Apesar de sua ousadia e criatividade, Spare nunca teve muito talento para vender suas próprias idéias. Talvez o próprio cenário ocultista não estivesse, em seu tempo, pronto para digerir muitos dos conceitos que ele abordou. Coube aos magistas vindouros (especialmente Peter Carroll e Ray Sherwin) algumas décadas depois sistematizar as propostas de Austin na corrente ocultista libertária conhecida como Magia do Caos.


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7º lugar - 108 votos - Dogma e Ritual da Alta Magia, Eliphas Levi - 23 Livros Essenciais sobre Magia


Eliphas Levi, 1855

Alphonse Louis Constant foi uma figura interessante e uma das de maior destaque no ocultismo ocidental dos últimos séculos, filho de um sapateiro humilde se dedicou à vida religiosa sendo ordenado diácono. Nasceu em 1810 e morreu seis meses antes do nascimento de Edward Alexander Crowley, que mais tarde assumiu o título de Aleister. A carreira religiosa de Alphonse teria se desenvolvido ainda mais se não tivesse se apaixonado por Adelee Allenbach, uma garota cuja primeira comunhão ele havia realizado. Depois disso o sacerdócio lhe foi negado, e, por causa de alguns de seus escritos, condenado a 8 meses de prisão além de uma pesada multa; foi acusado de profanar o santuário, de atentar contra as bases sociais e espalhar ódio e insubordinação. O choque que isso causou em suas convicções religiosas o fez tomar uma atitude extrema na Europa cristão do século XIX: assumiu um nome hebraico - Eliphas Levi - e inspirado pelas obras de pessoas ligadas à magia começou a escrever.

Ele teve acesso aos escritos de Swedemborg, Agrippa e Raimundo Lulo, entre outros, afirmando que apesar de tais escritos não conterem toda a verdade, conduziam o neófito com relativa segurança pela senda mágica. Foi nesta época que escreveu o primeiro de muitos livros que redefiniram e criaram novas raízes para o ocultismo: O Livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.

Com sua impressionante eloqüência, Levi nos leva a uma viagem no tempo, aos mitos e lendas que abarcam a essência da verdadeira magia. Assíria, Egito, Israel, Grécia, Roma... Temos aqui uma verdadeira aula de História e de Mitologia.

E foi assim que nos presenteou com uma de suas obras primas - e também a primeira de sua famosa trilogia juntamente com “A Chave dos Grandes Mistérios” (1861) e “História da Magia” (1860) - o “Dogma e Ritual de Alta Magia”. Tal artefato foi constituído no ano de 1855, no início da maturidade mágica de Levi, embasada em uma profunda erudição alcançada através de intensos estudos, leituras e meditações iniciáticas. Foi publicada no Brasil apenas no ano de 1995 pela editora Pensamento.

A sua desilusão com a igreja não afetou seu compromisso com o cristianismo, que permeia toda a obra, mas serviu para se liberar das amarras e hipocrisias institucionalizadas, chegando inclusive a afirmar que a religião sem ciência apenas limita o homem. Além disso fica evidente sua apologética cristã e a exposição dos mitos e metáforas judaicos. Ainda assim Dogma e Ritual é uma obra impressionante e completa e está longe de ser uma cartilha de catecismo, colocando em cheque - ou ao menos se criando uma revisão de conceitos como Deus, o Diabo, o Inferno e o pecado.

Os dois volumes, a saber "Dogma" e "Ritual", possuem cada um 22 capítulos, numa evidente correlação com as 22 cartas do tarot e as letras hebraicas.

Ficará evidente ao leitor que uma primeira leitura nunca é suficiente para entender o significado das palavras de Levi. Um dicionário etimológico e mesmo dicionários de grego, hebraico e latim podem ser bastante úteis para quem quiser compreender o sentido completo do livro. Esse hermetismo tem um propósito claro de dar as pérolas mais preciosas apenas aos estudantes dedicados, ao mesmo tempo que serve para estabelecer um novo jargão para decodificar realidades que as palavras do dia a dia realmente não conseguem atingir por si só.

1ª Parte – Dogma: poderíamos considerá-la ao pé da letra, onde se estabelece o script, constituído das regras, da linguagem e filosofia a serem empregadas pelo adepto.

2ª Parte – Ritual: Nesta parte o autor dedica-se à magia cerimonial, ou seja, a aplicação de tudo que se tratou o livro até então.

Cada capítulo do primeiro volume começa com um título, um número romano, um carácter hebraico e algumas palavras especialmente escolhidas. É valioso que o adepto se dedique ao entendimento e relação destes símbolos que não estão lá por acaso. Uma abordagem útil pode ser ler o primeiro capítulo do Dogma e em seguida o primeiro capítulo do Ritual, e assim então prosseguir.

Apesar de, em um primeiro momento, não parecer uma obra tão prática quanto as outras, chegando a pecar pelo excesso de teorias, este livro traz em si mistérios que, conforme a prática sugerida é seguida, se revelam para aquele que segue o caminho indicado em suas páginas. Cada vez que o livro é lido e seus rituais executados, o estudioso dá um novo passo rumo à própria formação como mago. A cada releitura novas perguntas se formam na mente daquele que vira as páginas que podem ser respondidas apenas pelos atos propostos em seguida.

Em suma, a síntese deste livro - um dos mais esclarecedores e diretos livros de magia escritos no século XIX- se resume em explicar e elucidar aos iniciados os mistérios mágicos por detrás dos dogmas velados pela intolerância religiosa. Aqueles que persistirem em destrancar os segredos deste livro, certamente não ficarão desapontados.


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8º lugar - 105 votos - A Doutrina Secreta, Helena Petrovna Blavatsky - 23 Livros Essenciais sobre Magia


Helena Petrovna Blavatsky, 1888

A Doutrina Secreta é a obra prima da grande ocultista do século XIX, Helena Petrovna Blavatsky. Não se trata de apenas um livro, mas de uma coleção deles que pretende ser uma coletânea de todo o conhecimento teosófico, ou seja, uma síntese dos saberes científicos e esotéricos por trás das religiões e das escolas de mistérios das antigas civilizações, como Índia, Tibete e China. Verdade seja dita, esta não é uma obra essencial para nenhum praticante de magia, é possível chegar a grandes resultados sem nunca ter ouvido falar da obra ou de sua autora. Mas isso pode ser dito de qualquer outro livro de nossa coleção, e como todo eles, a Doutrina Secreta pode ser absurdamente enriquecedor, mesmo sem ser essencial, e mesmo não sendo um livro prático, não contendo nenhuma instrução ou procedimento mágico, foi alvo de uma votação esmagadora por aqueles consultados para compor nossa lista dos livro essenciais deste campo do conhecimento humano. Isso ocorre porque enquanto livros como Sistemagia e A Cabala Mística oferecem uma base para se organizar e se correlacionar todo o simbolismo mágico para ser utilizado em trabalhos e rituais, esta obra oferece uma base de organização da filosofia e mitologia mística e religiosa, é uma enorme base de dados de origem do simbolismo adotado por religiões e, posteriormente, pelos magos.

Esta obra por si só possui uma aura de mistério em torno de si que a destaca em nossa lista.  Seu texto foi desenvolvido como um comentário de um livro obscuro chamado 'As Estâncias de Dzyan' , uma espécie compilação sagrada de obras tântricas que circula entre os monges tibetanos. Até ai, nada de novo, o fim do século XIX e início do século XX foram conhecidos, no ocultismo, como um grande "revival" da cultura misteriosa do oriente distante, mas o que causou espanto foram as afirmações relativas à origem deste livro. Hoje está perdido no tempo o nome da primeira pessoa que fez menção ao livro trazido aos indianos vindo direto do planeta Vênus. A menção mais antiga a tal obra parece, hoje, ser atribuída ao astrônomo francês Bailly, no fim do século XIII, mas o livro apenas recebeu seu nome atual no século XIX, batizado por Louis Jacolliot. Este livro parece também trazer uma maldição consigo, existem inúmeras lendas dos destinos ingratos das pessoas que se disseram possuidoras do tomo.

Apesar de hoje este tipo de afirmação parecer ridícula, os estudiosos de magia sabem que elas não são novas nem originais. Inúmeras são as ordens que afirmam ter recebido escritos de mestres invisíveis, deuses, demônios e até mesmo alienígenas. Só para citar alguns casos modernos, do Livro da Lei de Crowley ao Livro de Urântia existem um sem número de tomos cuja origem pode ser apontada do inferno ao outro ponto da galáxia conhecida - e mesmo aos espaços desconhecidos entre as galáxias. Depois este livro teria chegado ao ocidente pelas mãos de Apolônio de Tiana. Após seu casamento Blavatsky teria viajado o mundo e no Egito conhecido um mágico mulçumano de origem copta que lhe revelou a existência do livro misterioso, escrito em sânscrito e lhe ensinou a consultá-lo por clarividência. O original se encontrava em um mosteiro do Tibet na forma de um manuscrito arcaico, escrito em uma coleção de folhas de palma, resistentes à água, ao fogo e ao ar, devido a um processo de fabricação desconhecido. Mas a origem do livro em si não é tão importante quanto seu conteúdo.

Originalmente a obra foi publicada em dois volumes, depois de 4 anos sendo escrita. O primeiro volume dedicado à cosmogênese e a segunda parte à antropogênese. Basicante explicando como foi a origem do universo e criação da vida do homem. O livro quando escrito possuía uma ambição bem grande: ser a coletânea do pensamento científico, filosófico e religioso existentes.

Quando começou a escrevê-la, ou compilá-la dependendo de qual a sua origem real, Blavatsky afirmou que este livro era uma obra que ampliaria as informações contidas em sua grande obra anterior, Ísis Sem Véu. Talvez dai a sua preferência pelos magos: esta é uma obra capaz de dar ao adepto uma visão global de seu conhecimento. Como um mapa, ele não é necessário para saber onde estamos, mas pode dar uma perspectiva maior de nosso posicionamento, de onde viemos e de onde queremos chegar.

Posteriormente, após a morte de Blavatsky a obra recebeu uma terceira parte composto de coletâneas de artigos escritos por ela. A edição em português é dividida em seis volumes, a saber:


 -  Volume I - Cosmogênese
-  Volume II - Simbolismo Arcaico Universal
-   Volume III - Antropogênese
 -  Volume IV - O Simbolismo Arcaico das Religiões do Mundo e da Ciência
 -  Volume V - Ciência, Religião e Filosofia
  - Volume VI- Objeto dos Mistérios e Prática da Filosofia Oculta


A obra exige bastante do leitor e oferece um desafio que pode durar a vida inteira não apenas pela quantidade enorme de referências a palavras e conhecimentos de difícil acesso ao ocidental comum, mas principalmente pela forma velada como foi escrito.  Se em Isis Sem Véu o crítico inglês, William Emmett Coleman, conta que Madame Blavatsky cita perto de 1.400 livros, não podemos supor a abrangência real desta obra em particular. Entretanto, por difícil que seja, sua leitura é recompensada.

Alguns magistas nasceram em um cenário católico, outros budistas, outros hindus, e outros judeus. Outros crescem em ambientes desprovidos de qualquer religiosidade, mas na vida adulta deparam com as mais diversas tradições.  Independente de onde tenha nascido, todo magista acaba sempre confrontado com o problema da religião.  As normas e tabus tribais de sua sociedade versus sua experiência pessoal com a realidade mágica.  Como lidar com elas? Como o adepto deve lidar com estas tradições? Uma abordagem é se aprofundar em sua própria fé, até encontrar suas pérolas ocultas. Sufismo para muçulmanos, Cabala para judeus, gnosticismo para cristãos. Mas Madame Blavatsky nos apresenta uma abordagem mais universalista.

A Doutrina Secreta é antes de tudo uma cosmo visão abrangente capaz de unir as mais diferentes crenças e as mais intrincadas metafísicas em uma visão sólida e com coerência interna. Ou melhor ainda ela oferece um universo onde a metafísica não se baseia em uma origem religiosa conhecida ou carimbada, assim não há um ranço em seus textos que possam ser ligados a esta ou àquela crença. Ela destrincha o sentido por trás do simbolismo sagrado em busca de sua essência mais pura, de modo que todas as antigas tradições místicas sejam unificadas. Esta é a virtude maior do livro: encontrar a pureza oculta por trás da miríade de interpretações espirituais que a realidade se permite. Se isso não é magia, o que mais é?




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