Experiências
de Lapso de tempo, Uma viagem inesperada ao período da Revolução Francesa,
vários minutos sem registro na memória, apagões misteriosos… E outros casos
bizarros que jogam a questão: nós realmente compreendemos o tempo?
Após
um dia comum de aula em 1978, John Carlson, então com 13 anos, deixa sua escola
e toma o rumo de casa, uma residência modesta localizada a uma distância de
pouco mais de dois quilômetros. Para evitar alguns sujeitos particularmente
inconvenientes, entretanto, ele havia alterado sua rota tradicional, optando
por uma rua paralela, ainda dentro de uma região bastante familiar para o
garoto.
Naquele
momento, entretanto, ocorreu algo que Carlson até hoje tem dificuldade para
explicar. “Eu notei que tudo se tornou estranhamente quieto, quase mudo”, disse
ele em seu blog, referindo-se a uma sensação comunicada por diversas pessoas
que dizem ter atravessado um “lapso de tempo”. O empresário então viu elementos
da rua se distanciando e, quando voltou a si, estava em outra parte da cidade,
encontrando sua mãe.
Experiências
de lapso de tempo, Sensação de “irrealidade”? Depressão aguda?
Caso
fosse necessário definir, lapsos de tempo são experiências em que um indivíduo
se vê subitamente transportado de sua própria época para o passado ou para o
futuro.
Naturalmente,
sendo um termo referente ao controverso âmbito da chamada “paranormalidade”,
não há qualquer experiência cientificamente orientada capaz de provar se,
afinal, alguém realmente pode retornar à Revolução Francesa entre uma xícara de
chá e outra ou durante um passeio no campo. Mas os relatos coletados até hoje
certamente apresentam alguns padrões.
Por
exemplo, fala-se de uma impressão de “irrealidade”, como se os estímulos
sensoriais se tornassem progressivamente mais fracos, beirando a inexistência e
dando à realidade uma coloração notadamente onírica, tal e qual em um sonho.
São também constantes os relatos de depressões galopantes — em que a pessoa se
sentiria imediatamente tomada por uma aura quase tangível de opressão.
Há
alguns casos famosos que pode explicar esses dois pontos, inclusive.
O Fantasma de Versalhes
Também
conhecido como “O incidente Moberly-Jourdain”, o episódio trata da suposta
experiência de duas mulheres respeitáveis e instruídas, mas que bem poderia
figurar entre os episódios da série “Twilight Zone”. Charlotte Anne Moberly
(1846 – 1937) e Eleanor Jourdain (1863 – 1924) eram, respectivamente, diretora
e vice-diretora do colégio St. Hugh, em Oxford, Inglaterra.
No
verão boreal de 1901, em visita aos famosos jardins de Petit Trianon, em
Versalhes, as mulheres dizem ter sido subitamente transportadas no tempo,
diretamente para a época da Revolução Francesa. Subitamente ambas dizem ter
encontrado pessoas com indumentárias típicas e figuras históricas — incluindo a
própria Maria Antonieta.
A
experiência foi transformada em livro por uma das moças, escrito sob
pseudônimo, gerando toda a controvérsia que seria esperada. Há, inclusive, uma
descrição particularmente inspirada do ocorrido:
“Caminhamos
rapidamente para frente, ainda conversando, mas, no momento em que deixamos a
estrada, uma depressão extraordinária me tomou, a qual, a despeito de meus
esforços por suplantar, tornou-se constantemente mais profunda. Não parecia
haver qualquer razão para isso; eu não estava cansada e me tornava mais
interessada nos arredores. Me deixava ansiosa a possibilidade de que minha
companheira percebesse a escuridão que subitamente se abatia sobre meu
espírito, a qual se tornou cada vez mais poderosa conforme o caminho chegava ao
fim (…).”
Ela
continua:
“De
repente, tudo pareceu antinatural e desagradável; até as árvores por trás do
edifício se tornaram planas e sem vida, como madeira trabalhada em tapeçaria.
Não havia efeitos de luz e sombra, e vento algum agitava aquelas árvores. E,
ainda assim, era tudo muito intenso.”
Uma das festas de Montesquiou?
Naturalmente,
não faltaram explicações que tentassem traduzir a experiência para o território
do logicamente pronunciável. Questionou-se uma forma de camuflagem para um
relacionamento amoroso entre as duas damas, algo bastante imoral para época.
Outra
tentativa de explicação veio do historiador da arte Philippe Jullian. Em sua
biografia de Robert de Montesquiou, Jullian lembra que o poeta francês morava
nas cercanias dos jardins de Petit Trianon na época e era conhecido por suas
festas extravagantes, durante as quais normalmente eram realizadas tableaux
vivants — representações com atores e/ou modelos de obras de arte. Isso
explicaria as figuras históricas encontradas pela dupla.
O hotel desaparecido
Eis
aqui um caso dos mais clássicos. De fato, o chamado “hotel desaparecido” foi um
dos episódios contemplados por uma série de TV igualmente clássica nos EUA, a
“Strange but True?” (“Estranho, porém verdadeiro?”, em uma tradução livre do
inglês). Em 1979, os casais ingleses Simpson e Gisby dirigiam pela França, em
rota de férias para a Espanha. Ao anoitecer, decidiram interromper a viagem
para pernoitar.
Entretanto,
os hotéis próximos à parada estavam lotados, de maneira que alguém indicou um
caminho em que algo poderia ser achado. De acordo com os viajantes, a pousada
encontrada era curiosamente démodé — desde a indumentária dos atendentes e
demais hóspedes até a absurda falta de um telefone.
Os
casais afirmam, inclusive, ter encontrado policiais “vestidos de forma
estranha”. Um do oficiais, de fato, chegou a indicar um caminho, embora
simplesmente não entendesse o significado de “rodovia”. Bem, a indicação foi de
uma velha estrada, muitos quilômetros distante. O traje curioso? A indumentária
típica do efetivo policial francês em 1901.
Nada de hotel, nada de fotos
De
qualquer forma, Simpsons e Gisbys deixaram o lugar com uma ótima impressão —
ajudada pelo fato de a estadia ter saído por um valor irrisório para a época.
Ao retornar das férias pelo mesmo caminho, decidiram que parariam novamente no
local para passar a noite. Entretanto, a construção havia desaparecido sem
deixar vestígio. Mesmo as fotografias tiradas durante a estadia acabaram por
desaparecer do meio do rolo de filme.
Embora
não exista uma explicação definitiva para o ocorrido, fato é que vários expedientes
foram tentados para tentar encontrar o paradeiro do famigerado estabelecimento…
Ou para pelo menos desmascarar os envolvidos. Geoff Simpson chegou mesmo a se
submeter à hipnose. Entretanto, nada de novo pode ser acrescentado.
Entretanto,
resta a pergunta: como o dinheiro corrente em 1979 teria sido aceito quase 80
anos antes? Ou, ainda, como ninguém estranhou o curioso veículo utilizado pelos
viajantes? Os envolvidos dizem apenas que “o que ocorreu, ocorreu”. Talvez
algumas coisas se expliquem mesmo apenas na “zona do crepúsculo”.
E-mail: apocalipsedosanjos@hotmail.com
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