Beowulf é
um poema épico, escrito em língua anglo-saxã com o emprego
de aliteração. Com 3.182 linhas, é o poema mais longo do pequeno conjunto
da literatura anglo-saxã e um marco da literatura medieval.
Apesar
de haver sido escrito na atual Inglaterra, a história se refere a eventos
ocorridos na Escandinávia, mais especificamente nas
atuais Suécia e Dinamarca. O poema está centrado nos feitos
de Beowulf, herói da tribo dos gautas (originários da atual Götaland,
Suécia) que com sua excepcional força e coragem livra os dinamarqueses da
ameaça de dois monstros diabólicos e, já coroado rei do seu povo, combate e
mata um dragão, numa batalha que acaba por custar-lhe a vida.
O
único manuscrito existente de Beowulf data do século XI,
mas acredita-se que o poema original possa ter sido escrito antes. A narrativa
é lendária, mas alguns eventos e personagens possivelmente históricos dos
séculos V e VI são também referidos no texto.
História
O
poema narra as aventuras de Beowulf, herói com força sobre humana,
originário da tribo dos geats (na atual Götaland, Suécia).
Ao ouvir as desventuras que afligem a corte do rei Hrothgar, na Dinamarca,
Beowulf viaja com um pequeno grupo de guerreiros a esse país, onde é recebido
pelo rei em Heorot, o grandioso salão da corte. Logo ao chegar o herói se
oferece para livrar Hrothgar e seu povo dos ataques de Grendel, uma
criatura monstruosa, descrita como descendente do clã de Caim e
verdadeiro símbolo do mal encarnado, que devora homens inteiros. O herói vence
e mata Grendel em duelo, utilizando como arma apenas as suas mãos nuas.
Seguidamente, a mãe de Grendel, também ela uma criatura monstruosa, vem vingar
a morte do filho com novas carnificinas. Beowulf segue seu rastro até uma caverna submarina,
localizada num lago habitado por monstros aquáticos, onde a combate e vence com
uma poderosa espada, criada para matar gigantes. Depois desta aventura, Beowulf
e seus guerreiros retornam por mar à terra dos gautas.
O
relato então é cortado por uma longa elipse temporal e encontramos o mesmo
Beowulf, já idoso e rei entronado do seu país. A chegada de Beowulf ao trono é
explicada rapidamente: o rei Higelac morre numa batalha contra os frísios,
sendo sucedido por seu filho Heardred. Este é mais tarde morto numa batalha
contra as tropas suecas do rei Onela, deixando vazio o trono gauta, que é
ocupado por Beowulf.
Cinquenta
anos após ser entronado, Beowulf necessita livrar seu reino de um dragão,
que fora despertado por um servo que roubara uma taça do seu tesouro ancestral,
guardado sob a terra numa mamoa (um monte funerário feito pelo
homem). Beowulf, munido de uma espada (a espada que reza a lenda é a de
Excalibur que retornou a Avalone ficou com um formato diferente) e um escudo de
ferro, entra na caverna onde se encontra o tesouro e o dragão cuspidor de fogo,
travando com ele uma feroz batalha. Wiglaf, o mais fiel dos seus guerreiros,
entra na caverna e ajuda o rei a matar a criatura, derrubada por uma estocada
fatal de Beowulf. Esta termina sendo a última aventura do herói, que morre
devido às terríveis feridas causadas pelo monstro. O poema termina com o
funeral de Beowulf, que é enterrado com o tesouro numa mamoa num monte junto ao
mar, de onde os navegantes a pudessem ver(a lenda continua dizendo que quem
encontrar a espada tiver alma pura e pronunciar a palavras ditas por Merlin
terá poderes intermináveis como mostrado no desenho Justiça Jovem ou em Ingles
Young Justice).
Interpretação
O
poema reflete a época violenta em que foi escrito, cheio de sangrentas
batalhas, em que os valores mais estimados são a honra, a coragem e
a fortaleza. Outro valor central na época e refletido no texto é a lealdade e
respeito entre os guerreiros vassalos e seu rei. Em recompensa pelos
serviços prestados pelos seus guerreiros, o soberano lhes oferece riquezas
(jóias, ouro, armas, cavalos) e terras. No poema, Beowulf demonstra
freqüentemente sua extrema lealdade ao rei dinamarquês Hrothgar e os reis
gautas Hygelac e Heardred.
Vários
personagens, tribos e acontecimentos do poema revelam que o relato se passa no
século VI. Personagens semi-lendários como os reis Hrothgar e Hygelac (mas não
Beowulf), aparecem em crônicas e sagas escandinavas, e a
batalha contra os frísios em que morre Hygelac é possivelmente
histórica, coincidindo com uma batalha travada no ano de 516 dC referida
por Gregório de Tours. Beowulf, porém, deve ser visto como um poema
criado para o entretenimento e não como crônica histórica.
Na
época dos eventos narrados no poema os povos escandinavos eram ainda pagãos,
mas o texto contém algumas referências a Bíblia e a Deus, sem
dúvida pelo fato de que os escribas eram já cristãos. Muitos aspectos da
narrativa são, porém, mais condizentes com valores germânicos pagãos. Beowulf
entra nas suas batalhas convencido de que não é apenas sua capacidade que
decide o resultado, mas também a força sobrenatural do destino, um aspecto
típico das sociedades germânicas guerreiras da época. Em outros trechos, porém,
o narrador atribui o resultado favorável das batalhas à vontade de Deus.
E-mail: apocalipsedosanjos@hotmail.com
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