Os Encratitas ("auto-controlados") eram uma seita cristão ascética do século II d.C. que proibia o casamento e que aconselhava a abstinência de carne. Eusébio afirma que Tatiano era o criador desta heresia[1]. Supõe-se que sejam estes os gnósticos encratitas que foram admoestados por Paulo em 1 Timóteo 4:1-4[a][2].
História
A primeira menção de uma seita cristã com este nome ocorre em Ireneu[3]. Eles foram mencionados mais de uma vez por Clemente de Alexandria[4], que afirma que eles são assim chamados por sua "temperança". Hipólito se refere a eles como "reconhecendo o que é de Deus e de Cristo de maneira similar à Igreja. Porém, sobre seu estilo de vida, eles passam os dias inflados com orgulho."; "se abstendo de comida animal, bebendo apenas água e proibindo o casamento"; "estimados cínicos ao invés de cristãos". Baseando-se nestas afirmações, supõe-se que os encratitas fossem ortodoxos na doutrina e que eles erraram apenas na prática. Orígenes diz que eles não reconheciam as epístolas de Paulo[5].
Encratitas severianos
Um pouco depois desta época, a seita recebeu nova energia com a ascensão de um tal Severus[6], em cuja homenagem os encratitas muitas vezes são chamados de "severianos". Estes encratitas severianos aceitavam a Lei, os Profetas, os Evangelhos, mas rejeitavam os Atos dos Apóstolos e amaldiçoavam Paulo e suas epístolas. Porém, o relato dado porEpifânio sobre os severianos mostra uma tendência gnóstica siríaca ao invés de tendências judaicizantes. Em seu ódio ao casamento, eles chegaram a declarar que as mulheres seriam a obra de Satã, e por seu ódio aos intoxicantes, eles chamaram o vinho de "gotas de veneno da grande Serpente"[7]. Epifânio afirma ainda que estes encratitas eram muito numerosos na Ásia menor, em Pisídia, na Frígia, em Selêucia Isauria, em Panfília, Cilícia e na Galácia. Em Antioquia e no restante da província romana da Síria eles também eram encontrados de forma esparsa. Eles se dividiram em diversas pequenas seitas, das quais os apostolici se destacaram por sua condenação à propriedade privada e os aquarii, que substituíam o vinho pela água durante a Eucaristia. Num édito em 382, Teodósio declarou a sentença de morte para todos os que tomassem o nome de encratitas e aquarianos, e ordenou que Florus, o magister officiarum, realizasse extensivas buscar por estes heréticos, considerados maniqueístas disfarçados.
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