O significado da Estrela
constitui um grande segredo da Maçonaria e tem uma bela inspiração. Desde a
antiguidade a estrela vem sendo usada com representações diversas, mas com
objetivos e significados comuns. Normalmente todos os corpos celestes menores
que o Sol e a Lua eram representados por uma estrela de cinco pontas, sendo
chamada de pentágono (cinco pontas), pentagrama (cinco letras) ou pentalfa
(cinco princípios). Sua interpretação esteve sempre relacionada a mensagens que
jazem ocultas e dormem uma letargia de séculos.
Em termos maçônicos, o termo
estrela tem sido usado genericamente para definir a luz (tocha), como
exemplifica as velas que os maçons empunham em uma comissão para recepcionar
visitantes e autoridades. O Termo “Estrela Flamejante” data de antes de
1730 e é representada no Rito de York por um hexágono (seis pontas) e, nos
demais Ritos, como um pentágono (cinco pontas).
No cristianismo, a estrela
representa o símbolo que havia conduzido os reis magos a Belém, no nascimento
de Jesus Cristo. No judaismo, esta associado à entrega pelo
Todo-Poderoso, das tábuas dos dez mandamentos à Moisés, quando brilharam os
raios da sua divina glória.
Para Jung, estes símbolos
estelares são imagens arquetípicas que representam a união do mundo pessoal do indivíduo
com a realidade impessoal e intemporal, ou seja a união do homem com
Deus. Normalmente a estrela é interpretada como a luz divina, que é um
símbolo da bondade de Deus.
O significado da luz
A luz sempre teve grande
importância na história da humanidade e todas as tradições religiosas sustentam
que o mundo foi criado quando a luz se manifestou. A cabala
sustenta que a matéria é gerada pela luz que sai das trevas. Na Maçonaria
é ressaltado o aspecto filosófico da luta do bem contra o mal, representados
pela luz e pelas trevas. Os iniciados são os sacerdotes da luz, em busca do
conhecimento e da verdade, e os inimigos, as próprias trevas, representantes da
ignorância, arrogância e prepotência.
Nos Manuscritos do Mar
Morto, os Essênios se referiam a si mesmos como “Filhos da Luz” e o
prometido Messias iria conduzir todo o seu povo pelo
“caminho da luz”. Há indicações de que eles estruturavam seu
calendário e dias santos a partir dos movimentos do sol e não da Lua, como os
demais Judeus. Segundo o historiador Josefo, eles começavam cada dia se
virando para o oriente e rezando,
“como se suplicassem pelo nascer do sol”. Isso
pode estar ligado também ao culto à Estrela da Manhã, como veremos neste
trabalho na parte relativa à Shekinah.
Segundo Anatalino, em
Mestres do Universo, pg.253,
“A estrela que ilumina o céu maçônico é um símbolo quecondensa todas as teorias acerca do surgimento do universo, tanto em suas manifestações materiais,quanto espirituais. Esse é o motivo de a Maçonaria ter buscado na estrela o símbolo maior dos seusmistérios... a contemplação da estrela flamígera representa a porta de ingresso nos mistérios mais sublimesda Ordem, e ao mesmo tempo, o seu contato com a Luz da Sabedoria”.
Quando o homem é atingido
por essa luz, recebendo a iluminação, torna-se um verdadeiro ser humano em
todos os sentidos, com o nascimento do verdadeiro espírito. Esta é a verdadeira
luz maçônica, símbolo do conhecimento e da percepção e não aquela luz
simplesmente proveniente de corpos materiais. Tanto a Maçonaria como o
Maniqueísmo vinculam o bem à presença de luz e o mal à sua ausência,
estimulando o amor pela luz e o temor pelas trevas.
A presença da luz é sempre
associada ao conhecimento e elevação espiritual. O poema
“A Divina Comédia” de Dante, pode ser interpretado como uma jornada
em busca da luz e o Caminho de Santiago é também chamado de caminho das
estrelas, onde a jornada empreendida em busca de iluminação é premiada pela
visão da estrela brilhante, que supostamente aparece no caminho dos que são merecedores.
Antigas Representações da Estrela
Na antiguidade o céu era
usado como mapa, calendário e relógio e o céu noturno representava a ordem
cósmica da criação. As estrelas sempre visíveis no céu eram consideradas
como um símbolo da imortalidade e do conflito eterno entre as forças
espirituais – associadas à luz - e materiais – representadas pelas trevas.
Acreditava-se que as estrelas, feitas de um quinto elemento celestial, tinham
um propósito que ainda faltava ser descoberto.
No antigo Egito, a estrela
“Shá” aparecia nas práticas e ritos sagrados na forma de um astro de dupla
face, que representava a materialidade e a imaterialidade da divindade e a sua
projeção no homem. Os egípcios acreditavam que a Estrela Sírius (representada
pela Deusa Sothis) detinha o destino do nosso Planeta e que iam para lá as
almas dos Faraós e Sacerdotes. Como os sacerdotes perceberam que a estrela
Sirius desaparecia do céu por 365 dias e sempre reaparecia antes das cheias do
Nilo, eles atribuíram ao ciclo dessa estrela o tempo de um ano, que começava
quando a estrela Sirius surgia no horizonte da cidade de Mênfis, em uma data
correspondente ao dia 16 de julho do nosso calendário. Eles viam Sírius
(que tem o tamanho real de 1,8 vezes o do Sol) como uma doadora de vida, porque
ela sempre reaparecia na época da enchente anual do Nilo.
Nos Textos da Pirâmide
(escritos religiosos com mais de 4500 anos) o hieróglifo egípcio para a Estrela
era uma figura de cinco pontas, ou pentagrama. Desde a antiguidade o
pentagrama vem sendo utilizado na cabala e em rituais de todos os tipos com
objetivos mágicos. Já na antiga Mesopotâmia, cerca de 3500 AC, ele era
utilizado como símbolo do poder imperial e entre 300 e 150 AC, ele foi o
selo oficial da cidade de Jerusalém, representando também os cinco livros do
Pentateuco.
Na Grécia antiga ele era
composto por cinco Alphas maiúsculas. Os pitagóricos representavam a estrela
conhecida como “Estrela de Toth” através de um pentagrama com a letra
G no centro, designando Geometria, pois para Pitágoras, o universo só poderia
ser compreendido a partir dos princípios da Geometria. Neste contexto, a
Geometria Sagrada era um emblema de saúde, aludindo à harmonia do corpo e da
alma. A estrela assim representada estava associada à ideia de sabedoria,
conhecimento e iluminação.
O pentagrama foi difundido
pela Escola Pitagórica, sendo que para Pitágoras a estrela com esta
representação mantinha o poder do homem sob o reino inferior, dando proteção
contra os agentes do mal e fortalecendo a segurança e a iluminação.
O significado do Pentagrama
Os antigos judeus, como
todos os povos daquela época, tinham alguma fascinação pelo culto ao Sol e
conhecimento dos movimentos nos céus, associado à crença dos efeito das
estrelas nos assuntos da humanidade. A tradição judaica atribuía ao
pentagrama a representação do ser humano antes da queda (“Adam Kadmon”) e
quando o signo se apresentava invertido, representava o homem caído
(“Adam Belial”), que era a inteligência humana dominada pela matéria.
"Baseados na antiga astronomia ptolomaica, que tentava manter a órbita dos outrosplanetas ao redor da Terra, astrônomos do passado especulavam órbitas excêntricas para os planetas e issofez com que, aparentemente, a órbita de Vênus desenhasse um pentagrama no espaço".
“Vênus foi associado a diversas divindades e cultuado pordiversas culturas. O símbolo é encontrado na natureza, como a forma que o planeta Vênus faz durante aaparente retroação de sua órbita. Trata-se de um dos símbolos pagãos mais utilizados na magia cerimonial,pois representa os quatro elementos (água, terra, fogo e ar) coordenados pelo espírito, sendo consideradoum talismã muito eficiente”.
Na cultura chinesa, o
pentagrama representa o ciclo, o caminho da destruição e também o equilíbrio.
Cada uma de suas pontas representa um elemento: água, terra, fogo, madeira e
metal.
Pitágoras considerava o
numero cinco como um número “nupcial”, pois era o resultado da soma (2+3) do
primeiro número par (representando o feminino – a terra) com o primeiro número
impar (representando o masculino – o céu), e as várias tradições associaram
este número com o Homem Primordial ou Andrógino. Dessa forma, o
Pentagrama representou o emblema por excelência do microcosmo, nele se
inscrevendo a figura humana representando o Homem Primordial. A tradição
acrescenta aos quatro elementos (terra, água, ar e fogo) um quinto, chamado
éter, simbolizando o espaço celeste e o espírito, unindo dentro de si todos os
seres. No ser humano, o éter une a alma individual com a realidade universal,
ou seja, o humano com o divino.
É importante observar que
até poucos séculos atrás, não eram atribuídas conotações maléficas a esse
símbolo. O imperador Constantino chegou a usar o pentagrama com o
cristograma, ou seja uma forma simbólica de cruz, como talismã. Naquela época,
o pentagrama era um símbolo popular de proteção e representava a Verdade e o
trabalho do Criador sendo manifestado.
No séc. XIX, Eliphas Lévi
associou o pentagrama à figura do corpo humano com alta espiritualidade, mas,
colocado no sentido oposto, ou melhor, com a ponta posicionada para baixo,
associou-o aos maus instintos e à figura do Baphomet. O símbolo de
Baphomet havia sido usado pela inquisição católica para acusar os Templários de
adorarem Satã. Lévi afirmava que se a pessoa invertesse as letras
de Baphomet, obteria a frase latina
"TEM O H P AB" que seria a abreviação de
"TempliOmnivm Hominum Pacis Abbas", ou
"O Pai do Templo da Paz de Todos os Homens".
Isto era uma referência ao Templo do Rei Salomão, capaz de levar a paz a
todos. Até hoje se discute o real significado do Baphomet dos Templários,
sem que haja concordância entre os historiadores. C Knight e R.Lomas,
descobriram que aplicando-se o Código Atbash (código secreto da Comunidade de
Qumran) ao nome de Baphomet, revela-se a palavra Sophia (sabedoria, em grego).
Entretanto Lévi fazia menção em seus escritos a
um “Baphomet dos Templários, o ídolo adorado dos alquimistas, o deus obscenode Mendes, a cabra do Sabbath”,
e o bode do Sabbath negro era o símbolo que os satanistas costumavam adorar em
seus rituais.
Há que se reconhecer que
Lévi efetivamente nunca fez uma associação do Baphomet à Maçonaria. Isto foi
obra de Leon Taxil, que havia sido iniciado na Maçonaria, mas fora expulso
ainda como aprendiz e, talvez por vingança, lançou em 1887 o livro "Os Mistérios da Franco Maçonaria",
patrocinado pelo Papa, e inventou uma ordem maçônica supostamente secreta
chamada Palladium, onde descrevia um grupo de maçons endiabrados dançando ao
redor do Baphomet, puxados por Eliphas Lévi, que era então
falecido. Alguns anos depois, Taxil revelou em um salão lotado que
nunca havia existido a tal "OrdemPalladium" e que ele havia inventado
tudo com o apoio do Papa. Foi um escândalo monumental naquele dia de 19 de
abril de 1897, mas mesmo assim a mentira continuou sendo aproveitada pelas
novas gerações de religiosos intolerantes.
A leviana interpretação de
Lévi, associada às fragrantes mentiras de Taxil, foram de fundamental
importância para que os mal intencionados pudessem associar a magia negra ao
nome da Maçonaria, pois para as entidades antimaçônicas, o fato do pentagrama
ocupar lugar de destaque na Maçonaria, mesmo descartando a figura de Baphomet,
constituía uma excelente oportunidade para associar a imagem do bode ao
pentagrama invertido e chegar à desonesta conclusão de que todos os maçons
tinham de ser satanistas. A má-fé foi tanta, que pouco importou os protestos e
esclarecimentos, sempre solenemente ignorados. O curioso é que os críticos mais
ativos estavam ligados à Igreja Católica, esquecendo que o pentagrama também já
tinha sido usado como um símbolo cristão, representando, em suas partes, as
cinco chagas de Cristo.
Até hoje para algumas
correntes esotéricas, o pentagrama invertido nada tem a ver com a figura do
bode maléfico e tenebroso, mas sim com uma figuração do ser humano
transcendendo o nível material da existência e renascendo para uma vida nova,
em um estado de consciência superior. Figurativamente, os pés não mais repousam
na terra e sim nas estrelas, traçando um paralelo com a Árvore da Vida da Cabala
hebraica, que tem uma representação invertida, com as raízes voltadas para o
céu e a copa para baixo, simbolizando o caminho do processo iniciático de
progresso espiritual. Neste sentido, a luz de Vênus tem sido representada
como uma descida do espírito na matéria e seu possível retorno.
Castellani, em Liturgia e
Ritualística do Grau de Companheiro Maçom, sustenta que para os ocultistas,
todos os mistérios da magia, da alquimia oculta, todos os símbolos da gnose e
todas as chaves cabalísticas, resumiam-se no pentagrama. Paracelso
proclamou em XVI o pentagrama como o mais poderoso de todos os signos. Na
era moderna, a estrela de cinco pontas com a ponta para cima, mas circunscrita
em um círculo, tem sido associada à wicca (bruxaria), e, de forma invertida,
com a ponta para baixo, ao satanismo.
A letra G
No Templo Maçônico, a
Estrela Flamejante com a letra G dentro dela, simboliza a perfeição humana e o
arquétipo divino do homem. A letra G é um enigma maçônico, constituindo
um verdadeiro mistério que nem os mais cultos e sábios Maçons conseguem
decifrá-lo. Vários significados são dados para a letra G, entre eles:
Gnose - conhecimento
superior, interno, espiritual, iniciático, representando não a busca do
conhecimento intelectual, mas aquele que dá sentido e significado à vida humana
e permite o encontro do homem com sua essência divina.
Deus (God) - glória, para
Deus. Essa letra tomou o lugar do IOD hebraico, inicial de lhoah (Jehovah),
que era o nome de Deus para os hebreus.
Geometria - ciência da
medida das extensões, a mais importante das sete artes liberais,
Geração - É a vida ou a
força criadora localizada no centro de todo ser e de todas as coisas.
Para Ragon, A Maçonaria
oculta e a iniciação hermética, pg.334,
“Essa quintessência celeste, em Maçonaria, intitula-se estrela flamejante de cinco pontas, chamada pelos filósofos de fogo central da Natureza, simbolizada pelaletra 'G', que quer dizer geração dos corpos (própria da filosofia hermética, que não precisa confundir-secom a alquimia)”.
O Hexagrama e a Estrela de Davi
A estrela de seis pontas, ou
hexagrama, é um símbolo muito antigo, difundido pelos hebreus, mas também usado
pela alquimia e pelo ocultismo. Ela é formada por dois triângulos cruzados e em
posições opostas. A chamada estrela de Davi na realidade não foi inventada por
Davi, mas sim utilizada por ele, originalmente como selo e desenhada nos
escudos dos seus guerreiros, e aos poucos foi mudando para um tipo de signo
místico associado à Vênus, que foi reconhecido por Jesus em apocalipse (22,
16):
“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos atestar estas coisas a respeito das igrejas. Eu sou araiz e a Geração de David, a brilhante Estrela da manhã”
A diferença entre o
Hexagrama e a Estrela de Davi é que na Estrela de Davi os triângulos são
sobrepostos (um passa em cima do outro), enquanto no hexagrama os triângulos
são entrelaçados. A Estrela de Davi representa a igreja de Cristo,
enquanto o Hexagrama tem sido considerado um símbolo maligno e poderoso da
feitiçaria. Com o tempo, a estrela de Davi passou a ser conhecida também
como o selo de Salomão e usada como símbolo da nação de Israel e do povo
judeu, estando presente na própria bandeira de Israel.
Para a cabala, a estrela de
seis pontas representa as sete sefirot, que são as emanações divinas inferiores
com as quais nos relacionamos, já que as 3 sefirot superiores não se encontram
em nossa realidade física. O triângulo superior da estrela representa os
princípios não manifestados (espiritualidade) e o triângulo inferior representa
a criação como seu reflexo ilusório e transitório (materialidade). Esta estrela
representa o macrocosmo, isto é, o mundo em toda a sua extensão infinita,
enquanto o pentagrama, chamado pelo Livro do Zohar de “Microprosopio”,
representa o microcosmo humano, isto é, o homem considerado como um mundo em
miniatura. Esta analogia do Macrocosmo e o Microcosmo remete ao axioma da Tábua
Esmeraldina atribuída a Hermes:
“como é em cima, assim é embaixo”.
Outra interpretação é de
que o triângulo com o vértice para baixo simboliza a água, ou o princípio
feminino, e o outro com o vértice para cima representa o fogo, ou o princípio
masculino. Isto remete à união dos opostos que são complementares, evocando a
perfeição e harmonia. A tradição hinduísta vê nessa imagem a união do deus
Shiva (masculino) com sua consorte Shakti (feminino), simbolizando a síntese
das forças evolutivas e involutivas.
A importância da astrologia
As antigas tradições diziam
que as almas humanas tinham sua morada numa estrela ou então que em cada
estrela havia uma entidade que velava por cada ser humano, entidade esta que
mais tarde ficou associada ao anjo da guarda. Por isso, as estrelas sempre
foram associadas à boa sorte e aos destinos dos seres humanos. Como o céu era
considerado a morada dos Deuses que detinham o governo de todo o universo, era
importante observar os segredos ele poderiam revelar e os seus efeitos na
Terra. Até hoje o cristianismo coloca o paraíso no céu e o inferno em algum
lugar subterrâneo.
Assim, a Astrologia se
baseava nas cuidadosas observações que os sacerdotes faziam das aparições no
céu, associadas aos eventos importantes que ocorriam naquele momento. O
objetivo era predizer o futuro pelo exame do céu, tendo, para isso, a
necessidade de saber quando ocorreriam novamente aqueles padrões astronômicos
similares, para prever o que iria acontecer, com base no que tinha sido
observado nas situações similares anteriores. Na antiguidade, havia apenas dois
meios oficiais de interpretar a vontade dos Deuses: o exame das entranhas dos
animais sacrificados e a Astrologia, que sempre foi detentora de maior
prestígio e consideração.
Em torno de 1000 AC, os
astrônomos da Mesopotâmia desenvolveram um calendário baseado nas três estrelas
mais brilhantes no céu, definindo as estações do ano em função das suas
aparições. Aparentemente, não havia base cientifica envolvida nas previsões
associadas, embora tal motivação induzisse o desenvolvimento de técnicas de
Astronomia para prever a aparição dos astros. Não foi por acaso que a maior contribuição
dos Caldeus aconteceu no campo da Aritmética e das observações astronômicas,
aparentemente feitas no interesse da leitura de sorte ou azar. Um movimento em
direção à Astrologia pessoal começou em 400 AC, ligando influências planetárias
com a ideia de sorte ou azar, fazendo previsões futuras.
Naquela época, os antigos
gregos desenvolveram as bases da moderna Astrologia e, com isso, foi descoberto
o movimento de precessão (ou o grande ciclo das eras) por Hiparco, que consiste
em uma pequena oscilação no eixo de rotação da Terra, que faz com que o nascer
do sol se mova um grau a cada 72 anos, quando visto contra o fundo das
constelações do zodíaco. O resultado é que hoje em dia as
constelações estelares no céu em determinado mês não conferem com os signos
estelares previstos para aquele período, pois já ocorreram muitas mudanças e
estamos próximos o início da uma nova era: a era de Aquário.
Embora a Astrologia seja
hoje desconsiderada pelos cristãos, o conhecimento dos movimentos nos céus,
especialmente associados aos ciclos bíblicos, era uma das crenças centrais dos
grupos judeus que deram origem ao cristianismo. Seus principais efeitos estavam
nas bases das profecias realizadas. O povo da comunidade de Qumran
observava o Sol com regularidade e usava um calendário solar que era mais
preciso que os lunares, usados pelos demais judeus.
No século XVII, todos os
Maçons bem-sucedidos tinham sido fanáticos crentes da Astrologia, de modo que a
Maçonaria buscou preservar a crença de que a posição dos corpos celestes
afetavam as ações dos indivíduos na Terra. Atualmente, alguns Maçons se
preocupam que estejam sendo preservadas antigas tolices astrológicas nos
rituais, pois, a rigor, a Maçonaria e a Astrologia são hoje as únicas tradições
que buscam preservar a crença de que a posição dos corpos celestes possam
afetar as ações dos indivíduos na Terra. Esta crença é baseada
completamente nas antigas tradições, pois temos que reconhecer que a moderna
Astrologia ainda está fundamentada em ideias de Ptolomeu de quase dois mil
anos, quando a terra era considerada como o
“centro das esferas de cristal”.
Entretanto, estudos
realizados por Gunter Sachs (The Astrology File, Orion, 1997), buscando
correlação entre padrões de comportamento humano e signos astrológicos, mostrou
várias correlações estatísticas altamente significativas, embora sem oferecer
razões para isto acontecer. Além disso, estudos cuidadosos realizados pelo
Prof. McClelland, de Harvard, em ciclos econômicos e sociais, sugerem uma forte
tendência destes ciclos de longo prazo coincidirem com eventos planetários,
especialmente com a aparição da Shekinah, que veremos adiante.
O planeta vênus
Vênus está entre a órbita da
Terra e o Sol e apresenta fases como a Lua. Na Terra, Vênus é o objeto
mais brilhante no céu depois do Sol e da Lua, aparecendo pouco antes do
amanhecer, como Estrela da manhã, ou logo depois do anoitecer, como Estrela
vespertina. Devido à sua proximidade com a Terra, embora ele seja um planeta,
sua luminosidade é 13 vezes mais forte do que a estrela mais brilhante, que é
Sírius. Sua atmosfera é repleta de nuvens que são as responsáveis em
refletir 75% da luz que chega do sol, formando um planeta brilhante como é
visto da Terra.
Durante 11 meses, Vênus é
chamado de Estrela Vespertina ou Estrela da Tarde, porque ele se põe no máximo
3 horas depois do Sol e nos outros 11 meses ele aparece no máximo umas 3 horas
antes do Sol, como Estrela Matutina ou Estrela Dalva. Quando ele está próximo à
terra, em conjunção inferior, nas cinco semanas antes ou depois de ele
estar na fase de «nova», ele tem a sua imagem na Terra aumentada em 6 vezes e
se apresenta ainda mais brilhante. Isto acontece uma vez a cada 8 anos e este
período era conhecido no Antigo Egito como o ciclo Sothis.
Na Mesopotâmia, o planeta
Vênus era conhecida por diversos outros nomes tais como Asherah, Ashtart,
Baalat, Ishtar, Shekinah, Baalat, Inanna, Anat e Astaroth. Por aparecer em
horários diferentes (ao anoitecer ou antes do alvorecer), durante muito tempo
ele era considerado como sendo dois astros diferentes, aos quais eram dados os
nomes de Lúcifer e Vesper (em latim, Lúcifer significa
"portador da luz" e foi apenas devido a um problema na
tradução da bíblia, que ele foi associado ao mal). No século III a.C. Pitágoras
descobriu que era um único astro, mas foram os romanos que deram o nome de
Vênus, que é a deusa romana do amor e da beleza.
Vênus se ajusta a um horário
tão previsível ao longo do tempo que tem servido como padrão para ajuste de
relógios e foram observados vários ciclos:
- a cada 8 anos ele retorna
ao mesmo ponto no céu, em conjunção inferior, embora as estrelas no fundo sejam
completamente diferentes.
- a cada 40 anos ele executa
uma volta completa, terminando onde havia começado, em um movimento preciso em
segundos, aparecendo com a mesma configuração de estrelas ao fundo;
- a cada 480 anos, ou seja,
12 ciclos de 40 anos, ocorre a conjunção dos planetas Mercúrio e Vênus, que,
vistos da Terra, se sobrepõem e parecem uma única estrela avermelhada,
extremamente brilhante, provocando sombras no chão.
- a cada 1440 anos, ou seja,
3 ciclos de 480 anos, Mércurio e Vênus sobrepostos estão no mesmo lugar do céu,
com exatamente as mesmas estrelas no fundo.
O fato do padrão de Vênus
ser tão previsível que possa ser usado para ajuste de relógios, serviu para
conectar este planeta ao Metatron, que é um medidor de tempo também associado a
Enoch. O primeiro nome de Jerusalém era Urushalim - o prefixo uru significa
“fundada por” e o sufixo shalem ou salem representa o nome do deus cananeu
de Vênus, quando em sua aparição noturna. Estranhamente, embora o nome de
Jerusalém seja dedicado a Vênus em sua aparição noturna, o Templo de Salomão
estava voltado para a outra direção - aquela em que Vênus se comporta como a
Estrela da Manhã.
A Shekinah
Segundo C. Knight e R.
Lomas, em O Livro de Hiram, o fenômeno da Shekinah (estrela flamejante) se
repete a cada 480 anos, ou seja, a cada 12 ciclos de Vênus de 40 anos, e é
causado pela conjunção dos planetas Vênus e Mercúrio, que, vistos da Terra, se
sobrepõem e parecem uma única estrela, gerando uma luz extremamente brilhante e
avermelhada na pré-aurora do solstício de inverno. Este fenômeno sempre foi
considerado como uma grande manifestação divina. Para eles, este ciclo era
conhecido desde o “Povo do Pote Entalhado”, residentes nas Ilhas
Britânicas no período neolitico, que construíram o Newgrange (edificação de
pedra de 280 mil toneladas, datada de 3500 AC, onde o sol iluminava o corredor
e a câmara central no solstício de inverno e que tinha uma passagem para
permitir que a luz de vênus entrasse em uma câmara interior, no solstício de
inverno a cada 8 anos).
O termo Shekinah poderia ser
chamado sinteticamente de
"a glória de Deus manifesta". Ele significa
esplendor, glória visível ou “Divina Presença”, sendo considerado sua face
feminina e materna e uma transliteração da raiz hebraica "shkn" =
habitar, fazer morada. Segundo a wikipedia,
“Adotado pelos cristãos, este termo "shkn", refere-se à glória visível deDeus habitando no meio do seu povo. Usa-se este vocábulo para designar a presença radiante de Deus, comovista na coluna de fogo no Monte Sinai, no Propiciatório entre os querubins, no Tabernáculo, no Templo,etc. Embora a palavra shekinah não apareça diretamente na Bíblia, há alusões à 'glória de Deus (shekinah)'em diversas passagens”.
A Shekinah
(“ele fez habitar”) aparece na Literatura rabínica fazendo alusão à
presença divina em Israel. Na bíblia, Deus diz ao seu povo: Êxodo 25.8:
“E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”.
Êxodo 26.1:
“Faráso tabernáculo, que terá dez cortinas de linho retorcido”.
Êxodo 29.45:
“E habitarei no meio dos filhos de Israele serei o seu Deus”.
Os judeus cabalistas
começaram a utilizar esta palavra a partir do séc XIII, com o sentido de
glória. Na Cabala esotérica, Shekinah é a essência do Ain Soph (o Deus Supremo
da Cabala) que depois de emanado ficou preso em Malkuth (mundo físico), sendo
correspondente à Shakti ou Kundalini da tradição esotérica oriental da Yoga.
Para o livro cabalístico Zohar (livro do esplendor), a evolução do homem é um
processo em que o polo feminino do Divino (Shekinah), presente potencialmente
na criação e no homem (Malkuth-mundo físico), se une ao pólo masculino da
Divindade (Kether-manifestações que acontecem nas outras dimensões). A Shekinah
sempre foi tomada como uma benção de Deus.
Estranhamente, as
referências doutrinárias da Bíblia de Estudos Pentecostal apontam que o termo
shekinah é uma palavra hebraica usada para designar a deusa mesopotâmica
LILITH-INANA, ou seja, uma deusa da fertilidade do misticismo judaico, sendo,
portanto, o nome de um “demônio cabalístico”. Trata-se de uma
interpretação Pentencostal singular, com origem explicável e discutível, mas
cuja discussão chega a ser estéril, pois tais assuntos revestidos do caráter de
dogma religioso, não admitem contestação e pretendem ser a
“verdade última e única”. Na realidade, a associação de
shekinah com a deusa mesopotâmica decorre do fato das duas serem associadas à
sabedoria e à luz do planeta Vênus, mas não é razoável que o fato dos
mesopotâmios terem associado na antiguidade uma deusa pagã ao planeta Vênus
constitua prova suficiente para demonizar hoje qualquer assunto ligado a este
planeta, mesmo porque ele está ligado a Jesus, como a Estrela da Manhã.
A palavra Shekinah é
mencionada seis vezes no Alcorão, representando garantia de paz, calma e
tranquilidade. O cap.2, vers.248 diz:
"E seu mensageiro disse-lhes: Em verdade! O sinal do seu reino é que não virá a vós At-Tabut (aarca perdida), onde é Sakinah do vosso Senhor e um remanescente do que Moisés e Arão deixaram para trás,levado pelos anjos. Em verdade, nisto há um sinal para vós, se sois crentes".
Existem várias citações
sobre a Shekinah no Dicionário Bíblico Vida nova, de Derek Williams,
associando-a à nuvem de fogo, provavelmente devido à luz avermelhada do planeta
Mercúrio. Segundo ele:
1) A Shekinah apareceu pela
primeira vez quando Deus conduziu Israel para fora do Egito e o protegeu por
meio de uma coluna de nuvem e de fogo (Êxodo 13.21;
“O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, paraos guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem dedia e de noite”.
Êxodo
19.16-19:
”Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e relâmpagos e uma espessanuvem sobre o monte... E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus e puseram-se aos pés domonte. Todo o monte Sinai fumegava...Moisés falava e Deus lhe respondia no trovão”).
2) A Shekinah diz respeito à
nuvem que cercava a glória (Êxodo 40.34:
”Então a nuvem cobriu a tenda dacongregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo”.
Êxodo 40.38:
”De dia, a nuvem do Senhor repousavasobre o tabernáculo, e, de noite, havia fogo nela”).
3) A Shekinah reapareceu com
Cristo (Mateus 17.5:
“quando uma nuvem luminosa os envolveu; e, eis, vindo danuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado”)
O profeta Isaías (Is 60:
1,3,6) escreveu a respeito do futuro messias provavelmente baseado na
Shekinah: “Dispõe-te,resplandece, porque vem a tua luz e a glória do Senhor nasce sobre ti... As nações encaminham-se para a tualuz e os reis para o resplendor que te nasceu... trarão ouro e incesso e publicarão os louvores do Senhor”.
Pela importância do profeta Isaías, os antigos cristãos buscaram enquadrar
Jesus nesta profecia, incorporando os reis magos e os presentes mencionados.
Segundo Lindemann, em A
Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios, p. 22, Johannes Kepler
(1571-1630), já
“sustentava que a Estrela de Belém era na verdade a conjunção de Júpiter com Saturno, ou seja, a relação doplaneta da graça com o planeta do sacrifício, os dois em linha, com conjunção, proporcionariam um brilhoextraordinário no céu, a soma do brilho destes dois planetas, que resultava mais tarde chamada de Estrelade Belém”.
Ele só errou no nome do planeta Saturno, pois nessa época Júpiter estava
realmente em conjunção a Vênus e Mercúrio.
Na construção do Templo,
havia exigência que a luz da Shekinah penetrasse no sacrário e, para isso, ele
estava orientado para o leste, de forma a permitir o acesso da Shekinah, que na
escuridão da pré-aurora do santuário interno do Templo de Salomão,
resplandeceria como uma grande luz, ofuscando quem lá estivesse.
Segundo a tradição, o “selo”
de Salomão foi criado com a figura de uma estrela (Estrela de Davi) constituída
de uma pirâmide em pé e uma pirâmide invertida, derivadas dos ângulos criados
pelas sombras lançadas ao nascer e ao pôr do sol nos dois solstícios em
Jerusalém, de modo a formar um símbolo da Shekinah.
Na Escócia da idade média, a
Família Sinclair (que significa: sagrada luz brilhante) foi formada pela
aproximação das famílias de judeus com noruegueses descendentes do
“Povo do Pote Entalhado”, que partilhavam dos conhecimentos e
acompanhavam os ciclos padrões do planeta Vênus e que tinham um
entendimento parecido dos seus efeitos. Não é por acaso que o significado
da palavra gaelica “Roslin” (capela de Rosslyn) indica “uma sagrada luz brilhante de antigoconhecimento passado por gerações”.
São claras as associações da
Shekinah às ocorrências dos grandes acontecimentos: a construção de Rosslyn
começou 1440 anos depois do nascimento de Jesus (ou seja após três ciclos da
Shekinah); Jesus nasceu 1440 anos depois de Moisés e de seu Êxodo; e o Templo
de Salomão começou 1440 anos depois do Dilúvio. O Templo de Zorobabel começou
480 anos depois do Templo de Salomão (um ciclo da Shekinah) e 1440 anos depois
de Abrahão (então com 75 anos) ir para a nova Canaã. Além disso, Enoch (3382
AC) antecede Abrahão em cerca de três ciclos da Shekinah. Como se pode ver,
todos estes acontecimentos ocorreram nas épocas de ocorrência do fenômeno da
Shekinah (ou então a história foi alterada para situá-los naquelas datas de ocorrência,
o que indicaria, também, uma intencionalidade de iniciar a construção de
Rosslyn exatamente naquele ano).
Davi McClelland, de Harvard,
em The Achieving Society, identificou na história antiga um padrão de
crescimento, clímax e declínio da Grécia em anos que também combinavam com os
padrões de aparições da Shekinahs e, por isso, não é de se estranhar que o
Velho Testamento judaico refletisse uma visão cíclica da história judaica, com
um padrão compatível com o ciclo da Shekinah. Implícito nisto está
a visão de que Deus decreta leis da natureza que podem ser descobertas pelo
homem através dos sinais fornecidos.
É interessante observar que
a busca do termo “480 years” no Google traz 126 mil resultados, mostrando
que este ciclo é bastante reconhecido, porém com menos de 0,5% deles associados
à ocorrência da shekinah. Por outro lado, a busca por “shekinah” no Google traz
3,8 milhões resultados, com menos de 0,02% deles associados à ocorrência do
ciclo de “480years", mostrando que a shekinah e o ciclo bíblico de 480
anos são conceitos bem conhecidos, mas que a importantíssima associação
descoberta por C.Knight e R.Lomas (em “O Livro de Hiram”) do
fenômeno shekinah com o ciclo bíblico de 480 anos, ainda está longe de ser de
conhecimento geral.
Efetivamente, a capela de
Rosslyn, iniciada no ciclo da Shekinah, foi uma cuidadosa cópia do Templo de
Salomão e deve ter sido construído para fazer a vontade de Deus na terra.
Por isso é que C.Knight e R.Lomas estão convencidos de que no subsolo de
Rosslyn estão escondidos os pretensos pergaminhos encontrados pelos Templários
no Templo de Salomão, os quais guardam verdades importantes e profundas, que
ainda não são de conhecimento de todos.
Além disso, eles descartam
que a Maçonaria tenha sido originada dos rituais dos pedreiros, acreditando que
foi durante a construção de Rosslyn que as bases da Maçonaria foram
construídas, pois eles encontraram fortes conexões com vários graus da
Maçonaria moderna. Entretanto, Robert Cooper, arquivista da Grande Loja da
Escócia e autor de
“The RosslynHoax? Viewing Rosslyn Chapel from a new perspective“
(London: Lewis, 2006), considerada como a obra definitiva sobre Rosslyn,
surpreendentemente garante que não há simbolismo maçônico na Capela de Rosslyn.
Representação Maçônica da Estrela
No séc XVI, o pentagrama, ou
estrela de cinco pontas, recebeu o nome de estrela flamejante ou estrela
flamígera, passando a figurar em rituais esotéricos Maçônicos a partir do sec.
XVIII. Alguns autores falam que ela foi introduzida na maçonaria por
Tschoudy, nascido em 1730, mas exatamente neste mesmo ano de 1730 Samuel
Prichard, em Masonry Dissected, já falava sobre a “Estrela Flamejante”
(“blazing star”) como um mobiliário da Loja. Entretanto ela não constava
em nenhum ritual anterior a 1737, quando foi adotada pelas Lojas francesas, que
eram apaixonadíssimas pela filosofia hermética. Apenas em 1766 Tschoudy
publicou A Estrela Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons, obra esotérica
com interpretações ocultas, que propôs a criação da nova Ordem da Estrela
Flamígera, composta de três graus.
No Rito de York, a estrela
sagrada ou flamejante é representada pela estrela de seis pontas, que simboliza
a divindade suprema, com as quatros letras hebraicas ao centro, formando o nome
impronunciável de Deus: iôd, hé, vav e hé. Ela serve também para
simbolizar os dirigentes da Loja, com o triângulo superior (orientação
espiritual) representado pelo Venerável e os dois Vigilantes, e o triângulo
inferior (orientação material) representado pelos Cobridor, Orador e
Secretário. Se removermos as linhas horizontais da Estrela de Davi, as
resultantes linhas que apontam para cima e para baixo simbolizam o esquadro e
compasso das Lojas Maçônicas, novamente se reportando à orientação material e
espiritual do homem.
Nos demais ritos, a estrela
flamejante é a de cinco pontas, ou pentágono, com a ponta para cima, de
inspiração pitagórica, representando o homem em sua alta espiritualidade.
Ela também é chamada de Estrela Hominal, simbolizando os atributos de sabedoria,
gnose e espiritualidade. Na Maçonaria ela simboliza a força que impulsiona o
homem em direção das suas metas e dá sentido às suas realizações, servindo para
lembrar ao Maçom que ele deve criar e trabalhar com sabedoria e
espiritualidade. O pentagrama representa também na maçonaria o
“número de ouro” ou “proporção dourada”, que é uma relação em
que a parte menor esteja em relação à maior, assim como a maior esteja em
relação ao todo. Isto se traduz em uma sensação de harmonia e beleza.
Rizzardo da Camino, em Simbolismo
do Segundo Grau, p.182, defende que a verdadeira Estrela Flamígera é aquela que
utiliza o Pentagrama, mas sem a inserção da letra G e irradiando chamas. Seu
significado é que as chamas consumiriam o homem material, tornando-o puramente
espiritual. Ele esclarece que se tratam de dois símbolos distintos e não se
deve confundir os raios luminosos com as chamas, pois estas são originárias dos
egípcios, que consideravam a estrela como símbolo da união da filha de Ísis com
o filho do Sol.
O Pentagrama sempre foi
considerado um símbolo celeste do bem. Acreditamos que a errônea associação do
pentágono com Lúcifer e com forças malignas e ocultas se deve pela sua
associação com o antigo nome latino de Vênus (Lúcifer) e pelas invenções de
Eliphas Lévi (baphomet) e Leon Taxil. Erradamente, as traduções da Bíblia
de São Jeronimo (sec.IV) e do Rei Jaime (sec.XVII) adotaram em Isaías 14.12 um
nome latino (lúcifer) para a Estrela da Manhã, embora o texto do Antigo
Testamento tenha sido escrito em uma época em que o latim sequer era
conhecido.
Segundo
a wikipedia,
“A Igreja Católica considera Lúcifer como Satanás, que seria um anjo que se rebeloucontra Deus e foi expulso do Céu, apesar da Bíblia não ter uma passagem que explicite isso. A passagemusada para justificar a ideia Satanás = Lúcifer é Isaías 14:12: 'Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao pontodo dia parecias tão brilhante?'. Trata-se de uma passagem controversa, pois os judeus consideram essapassagem que relata o desaparecimento da estrela Vênus diante da majestosidade do Sol, como uma alusãoà crença de Isaias de que o Império Babilônico (cujo rei venerava a Deusa Ishtar, representada por Vênus)desapareceria diante do poder de Deus. Entretanto, a maioria dos cristãos considera esta passagem comoreferente a uma queda física de um anjo, daí o porque denominarem Satanás como Lúcifer”.
“Um dos problemas bíblicos ‘mais mortais’ é o das traduções. Tendo passado por várias traduçõesaté chegar na versão conhecida atualmente, é evidente que muitas modificações tenham acontecido; amaioria delas involuntariamente. Uma delas é a da confusão entre os termos Satanás, Diabo e Lúcifer. Naíntegra, Satanás é um, Lúcifer é outro. Lúcifer seria o famoso Portador da Luz (do latim Lux fero),Phosphoros e Hésperos, o planeta Vênus em seus aspectos matutino e vespertino. Diabo significa 'acusador',do grego diabolos, e pode se referir genericamente a qualquer pessoa que acusa e se opõe a outra. Já Satanássignifica 'adversário'”.
A associação de Lúcifer com
Satanás foi feita por Santo Agostinho no sec.IV, com base na tradução da Bíblia
por São Jerônimo, para resolver um dilema a respeito da natureza de Deus.
No Antigo Testamento não existia a figura do Diabo nem o conceito de mal
separado de Deus, pois o mal seria um castigo divino para as desobediências do
homem. No Novo Testamento, Deus deixa de agir de forma maléfica, para ser
um autor totalmente benigno. Surge então a necessidade do Diabo para
justificar o mal, mas se depara com o seguinte dilema: se Deus criou o
Diabo e ele em si é o mal, então Deus criou o mal. Por outro lado,
se Deus não criou o Diabo, então ele não é onipotente. Para resolver
isso, Santo Agostinho recorreu a Isaías 14.12 para fundamentar a ideia de que o
Diabo era originalmente um anjo bom criado por Deus, mas que pelo
livre-arbítrio resolveu se tornar o
mal: 'Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?'.
Este fato era conhecido por
Albert Pike, Grande Comendador do Conselho do REAA para a jurisdição sul dos
EUA, quando publicou em 1871 o livro Moral e Dogma, com menções elogiosas a
"Lúcifer, o portador da luz! Nome estranho emisterioso a dar ao Espírito das Trevas! Lúcifer, o Filho da Manhã! É ele quem traz a luz, e com suas cortinasde luz intoleráveis”.
Pelo sentido do texto,
mostra que quando Pike se referia à Lúcifer, ele estava claramente mencionando
a luz brilhante da Estrela da Manhã, associada a Jesus. Já era
incontroverso que a base bíblica para associação entre Lucifer e Satanás era
completamente infundada, mas o fato de Pike utilizar inadequadamente o nome de
Lúcifer, evidenciou um exibicionismo infantil e arrogância intelectual
injustificada, pois praticamente todos os cristãos ainda acreditavam firmemente
que Lúcifer era sinônimo de Satanás. Se ele queria chocar, conseguiu. Mas
conseguiu também que os críticos antimaçônicos utilizassem seu texto durante
longos anos para pretensamente provarem que a Maçonaria estaria ligada a
Satanás. Pike falhou no principal objetivo de um texto: uma comunicação clara e
objetiva, e o seu fracasso criou uma celeuma que até hoje necessita de
explicações que muitos fazem questão de não ouvir.
É importante acrescentar que
na versão brasileira, a bíblia traz corretamente a seguinte tradução de Isaias 14.12:
"Comocaíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!",
e comprova que a estrela da manhã nada tem de diabólico, ao contrário estando
associada a Jesus, como vimos em apocalipse (22, 16): “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos atestar estas coisas a respeito das igrejas. Eu sou araiz e a Geração de David, a brilhante Estrela da manhã”.
É interessante analisar o
caso da organização Paramaçônica Estrela do Oriente, que tem como objetivo
ressaltar valores morais, espirituais, edificar caráter, educar, fazer caridade
e servir ao próximo, através de trabalhos ritualísticos e filantrópicos, tem
como símbolo o pentagrama invertido. A Ordem foi criada em 1850 pelo maçom Rob
Morris e a adoção do pentagrama invertido foi anterior à leviana interpretação
feita por Eliphas Lévi de que era um sinal malévolo, pois seu livro foi
publicado apenas em 1856. Como os historiadores não conseguiram encontrar
exemplos de interpretação do pentagrama invertido como emblema do mal antes
desta data, essa interpretação parece ter sido criação exclusiva de Lévi.
A explicação da Ordem Estrela do Oriente para a estrela estar apontada para
baixo é que isso representa o ponto aonde a graça de Deus, vinda de cima, entra
na alma, e é um raciocínio perfeitamente coerente, mostrando que não há
necessidade de mudança de símbolo.
Ao longo do tempo, os maçons
tem preservados seus mitos e lendas, contando histórias antigas desde tempos
imemoriais. O fato do ritual maçônico falar de uma claraboia na face
leste do Templo do rei Salomão, quando inexiste menção dela no Velho
Testamento, indica que isto é um conhecimento muito antigo e valioso, uma vez
que, na realidade, a claraboia está associada à luz da Shekinah que entra
por ela. Este tipo de conhecimento provavelmente provém da época da construção
do Templo e foi preservada apenas nos rituais maçônicos.
É necessário ter em mente
que para poderem proporcionar uma lição moral e adequarem o comportamento
pessoal, os rituais devem ser significativos e inspiradores. Isto às vezes pode
requerer modificações para que a comunicação seja bem compreendida e que o
conteúdo seja relevante para o contexto social. Por outro lado, é preciso muita
cautela com os inovadores, que, não compreendendo os rituais, buscando
modificá-los para imprimir sua marca pessoal, destruindo, às vezes, uma herança
verbal ancestral.
Como exemplo, no antigo
ritual do Grau 4, segundo C.Knight e R.Lomas, em Livro de Hiran, p.217, havia
uma referencia à Estrela da Manhã, como segue:
“Qual é a hora? A Estrela da Manhã, afastou as sombras da noite e a grande luzcomeça a alegrar nossa Loja. Como a Estrela da Manhã antecede a grande luz que começa a brilhar em nossaLoja e somos todos Mestres Secretos, é hora de começar nossos trabalhos”.
No atual ritual do Grau 4 do REAA, consta apenas:
“Que horas são? As trevas fugiram diante da aurora e dentre em breve a Grande Luz vairesplandecer sobre nossa Câmara”.
Como se observa, perdeu-se a importantíssima informação a respeito da Estrela
da Manhã, possivelmente porque algum revisor não entendeu ou não concordou com
o seu sentido.
Entretanto, o simbolismo da
estrela ainda faz parte de muitos rituais maçônicos. Segundo Oswald Wirth, em
“Les Mystèresde l’Art Royal", p.192, quando o Companheiro
pode dizer “Eu vi a Estrela Flamejante”, é porque ele
penetrou no grande mistério do segundo grau da Iniciação. Já no grau 18,
a Estrela Flamejante está associada à nova lei e à liberdade (citado na
introdução), possivelmente se referindo à profecia da vinda de um Messias para
libertar os Judeus dos romanos.
O Ritual do Grau 32 fornece
uma excelente síntese histórica sobre o REAA. Sua filosofia é pautada no
ensinamentos das Grandes Luzes, com o objetivo de auxiliar a edificação do
Templo Interior, fornecendo interpretação do simbolismo maçônico, reafirmando e
ratificando tudo o que é ensinado dentro da Ordem Maçônica. O renascimento do
Maçom do mundo profano, vencendo a si próprio, representa o triunfo final da
luz sobre as trevas. Em outras palavras, o Grau 32 ratifica tudo
aquilo que é ensinado nos outros Graus e deixa a conclusão para cada obreiro.
Conforme o Ritual: “A Cripta das nove colunas é também chamada Cripta dos
Grandes Filosófos ou Cripta das Grandes Luzes. É um símbolo de extraordinária
grandeza. (…) Na Cripta reside a inspiração moral da Instituição – é
a Maçonaria Espírito”.
Os ensinamentos maçônicos
valorizam o conceito da aquisição da luz, que é simbolizada na Cripta dos
Grandes Filósofos pelos construtores do espírito universal. A
Cripta pode ser entendida como um resumo final dos mistérios maiores da
Maçonaria, colocando o Grau 32 como o encerramento do conteúdo filosófico do
ensinamento maçônico.
Na Cripta dos Grandes
Filósofos são colocados sobre nove colunas os oito bustos dos grandes
filósofos, mais uma estrela de cinco pontas, representando os avatares da
humanidade. A estrela, que simboliza o Amanhã e representa o futuro de
todas as crenças e esperanças da humanidade, diz: "Eu sou o amanhã.
Os judeus esperam o Messias, os muçulmanos o Nadhi, os cristãos, a volta de
Cristo (…) Sede tolerantes, porque nada poderá definir o Grande Arquiteto do
Universo. Procurai a Verdade, praticai a Justiça e amai o vosso próximo como a
vós mesmos, tal é o caminho do dever, a única estrada da Salvação".
Alegoricamente falando, a
Cripta dos Grandes Filósofos representa um local secreto onde os segredos são
depositados e germinados, dando luz, sendo considerado, por isso, como o local
onde nasce a iluminação e a sabedoria. Anatalino (Mestres do
Universo, pg 249) diz que esta alegoria traz grandes lições e “quem bem
compreendeu esse ensinamento sabe a razão dessas alegorias. E se devidamente as
compreendeu sabe agora o que verdadeiramente significa ser um maçom, e pode,
finalmente, saber o verdadeiro significado da Estrela”. Mais adiante, na
pg.258, conclui que entender o significado da Estrela Flamígera “é compreender
todo o ensinamento maçônico. Que a razão só abriga a verdade que ela pode
suportar, mas o espírito, que é infinito, pode abrigar todas as conformações
possíveis, pois ele está conectado às origens do universo... Esse é o grande
segredo da Maçonaria”.
Para Albert Pike, em Morals
and Dogma, o verdadeiro Segredo Real do Grau 32 é definido como a vitória da
parte espiritual sobre a parte material do homem, ou o domínio da moral e da
razão sobre os apetites e as paixões.
O mal é a sombra do bem e em
cada ser humano o espírito e a matéria estão inter-relacionados. Os mais
virulentos venenos são os melhores remédios, quando administrados na devida
proporção. As paixões e os vícios, ligados à matéria levam ao mal e,
conforme o Apóstolo Paulo, “se viveis segundo a carne, haveis de morrer”, “mas
se, pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. Nossa vida
consiste numa batalha, representando o grande propósito da existência de cada
homem: superar as fraquezas da matéria. Cada Grau do REAA ensina no cerimonial
e nas instruções que o mais nobre propósito da vida consiste em lutar
incessantemente e com determinação, para fazer com que a nossa essência
espiritual e divina sobrepuja o material, ou as paixões e os vícios.
Entretanto, estes vícios,
paixões e os apetites desordenados nunca são totalmente extintos e
aniquilados. A perfeição não é alcançável pelo homem, mas a constante e
honrosa luta serve para evidenciar que normalmente as pessoas são melhores do
que alguns dos seus atos e omissões parecem demonstrar. Por isso, quando alguém
mostra esforços para ascender, nunca deve ser abandonado, odiado ou desprezado,
mas sim ajudado e encorajado a lutar.
Rex Huntcher, em Bridge to
Light, p.315/6, explicita que: “O Segredo Real, do qual o detentor do Grau 32 é
um Príncipe, não é um segredo no sentido normal da palavra; ou seja, não é algo
que deve ser escondido do resto do mundo. Aqui a palavra 'segredo' deve ser
entendida como sinônimo de 'mistério'; oculto apenas porque não conseguimos
entendê-lo completamente. (…) ESTE SEGREDO REAL É 'EQUILÍBRIO'. Pela palavra
equilíbrio queremos dizer a harmonia ou a estabilidade que a natureza nos
demonstra e que é um guia para a vida correta. Nós precisamos respeitar os
outros, mas precisamos também ter respeito próprio; devemos ter tempo para
nossos familiares mas preservando uma parte para a solidão; precisamos viver
esta vida mas prepararmos para a outra. A vida bem vivida é um convívio
de contrários: trabalho, relaxamento; tristeza, alegria; pensamento, ação”.
Conclusão
A descoberta dos ciclos da
Shekinah e dos acontecimentos ocorridos a cada 480 anos, traz grande
contribuição à compreensão da história e estimula reflexões profundas a
respeito do significado da estrela. O símbolo da Estrela Flamejante sai
muito fortalecido, pois o entendimento do papel da Shekinah na evolução da
humanidade, mostra a sua importância e a força motivadora que ela exerceu na
historia do mundo.
Vimos ao longo deste
trabalho as razões para a grande importância das Estrelas desde a antiguidade e
várias interpretações possíveis a respeito do seu significado. Esotericamente
falando, muitas interpretações importantes são no sentido da luz que guia o
nosso espírito. Entretanto, como a Maçonaria atribui extremo valor à
liberdade de pensamento, não endossando nem condenando ideias, a interpretação
de seus símbolos ficará sempre a cargo de cada maçom individualmente e tais
símbolos sempre poderão representar coisas diferentes para pessoas diferentes,
chegando-se a conclusão que, dentro do ambiente maçônico, será sempre uma
futilidade querer considerar como definitiva qualquer interpretação isolada.
É preciso ter em mente que a
Maçonaria adota símbolos como uma maneira de alcançar determinado tipo de
conhecimento e mesmo que nunca compreendamos o verdadeiro significado de todos
esses símbolos, a experiência iniciatória, os conhecimentos adquiridos e os
valores transmitidos, que geram uma safra adicional de ideias no chão da
cultura, fornecendo orientação mística e estímulo para estudos adicionais,
representam aquilo que é o mais alto valor Maçônico.
Talvez a conclusão mais
importante seja que os verdadeiros segredos Maçônicos não devam ser revelados,
pois eles têm o objetivo de excitar a imaginação e incentivar a investigação da
verdade. Neste sentido, eles são constituídos pela experiência subjetiva que
cada Maçom tem da Ordem e da liberdade de cada um para viver e cumprir aquilo
que ele entenda como seus ideais.
Por outro lado, a
importância da Tradição Maçônica não pode ser menosprezada. C.Knight e R.Lomas,
Livro de Hiran, com base em pesquisas estatísticas e nos ciclos da Shekinah,
acreditam que (pg.279) “Seguramente, deve haver algumacoisa a mais nos mistérios da ciência e da natureza ocultos há mais de seis mil anos do que uma crençasupersticiosa a respeito de uma estrela brilhante no horizonte, no momento de nosso nascimento, queassegura boa ou má sorte pelo resto de nossos dias”.
E conclui na pg.318:
“a ciência diz que alguma coisa estáafetando o comportamento humano - e a Maçonaria parece ser a memória de alguma coisa historicamente
importante”.
E-mail: apocalipsedosanjos@hotmail.com
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