O Marcionismo foi uma seita religiosa cristã do século II. Foi uma das primeiras a ser acusada de heresia.
História
Foi estabelecida por Marcião de Sinope (110-160), filho de um bispo. Propagou-se na Ásia Menor e na antiga Roma, em comunidades que se multiplicaram e constituíram uma vasta rede na bacia do Mediterrâneo. Foi considerada herética e Marcião excomungado em 144.
Características
De características gnósticas, tinha base no cristianismo ligado à tradição paulina. Simplificou as cerimónias dos primeiros cristãos, praticando uma moral severa, com interdição ao casamento, jejuns rigorosos, preparação para o martírio e fraternidade austera.
O seu corpo doutrinário partia da oposição entre Justiça e Amor, Lei e Evangelho. Rejeitava o Antigo Testamento como ultrapassado, anunciando um cristianismo autêntico baseado na contradição entre dois deuses:
§ a Lei, como pregado nas escrituras judaicas; e
§ o Amor, como revelado por Jesus Cristo.
O deus do Amor, compadecendo-se dos homens, resolve libertá-los do jugo da Lei, enviando Jesus ao mundo para morrer e redimir a humanidade. Seguindo o Salvador, os cristão deveriam sofrer as perseguições para merecer a libertação no fim dos tempos, quando o deus do Amor os libertaria eternamente da ferocidade da Lei e da Matéria.
Alguns chegaram a julgar que os marcionistas eram Anti-Semitas. A palavra marcionismo é mesmo por vezes usada para referir as tendências anti-judaicas nas igrejas cristãs.
A razão para este ressentimento contra os judeus tem a ver com o contexto em que surgiu. Em Roma, naquele tempo, os romanos lembravam-se ainda das guerras romano-judaicas - a primeira entre 66 e 73, que levou à queda do segundo Templo; a segunda sendo a revolta de Kitos (115-117) e a terceira (132-135) a de Simão bar Kokhba (ver Messias). Consequentemente, os judeus eram muito impopulares, muitos eram escravos no Império Romano e eram inclusivamente atirados aos leões no Coliseu de Roma.
E-mail: apocalipsedosanjos@hotmail.com
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