Tradicionalmente, nas culturas pré-cristãs, a mulher era objeto de adoração e respeito. Era a fonte doadora da vida e símbolo da fertilidade. Porém, mesmo sob a alegação formal de combater a heresia em todas as suas variações, as descrições contidas no Malleus Maleficarum, fundamentadas em conceitos de uma civilização patriarcal, contribuíram para construir uma idéia fantasiosa e infamante sobre as mulheres.
Esta idéia podia ser legitimada através do preceito que Eva surgiu de uma costela torta de Adão. Logo, ocorreu a associação que, conseqüentemente, todas as mulheres não podiam ser retas em sua conduta. Ainda, o pecado original ocorreu através do ato sexual (na metáfora de Adão e Eva comendo maçã) e, assim, a sexualidade era o ponto mais vulnerável do ser humano. Portanto, segundo o livro, "mas a razão natural está em que a mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas muitas abominações carnais".
Desse modo, qualquer mulher que se dispusesse a tratar pequenas enfermidades ou ferimentos com preparados do- mésticos à base de ervas, morasse sozinha e tivesse um animal de estimação (um gato, por exemplo), tivesse com- portamento pernicioso, entre outras alegações superficiais, podia ser acusada de bruxaria.
A tortura, como é sugerida no próprio Malleus Malefi- carum, era o método utilizado para extrair as confissões das supostas bruxas. Aparelhos como A dama de ferro e a Cadeira das Bruxas eram amplamente utilizados. Além de torturas menos sofisticadas, como aquecimento dos pés ou introdução de ferros sob as unhas. Deste modo, a ré passava por tantos suplícios que acabava por admitir as sentenças elaboradas pelo inquisidor.
Ainda, as lendas em torno das supostas bruxas propa- gavam-se entre o povo. Através da ação demoníaca, uma mulher podia ser capaz de se transformar em animais, voar e manipular a vontade, confundir o pensamento e a atitude de outras pessoas. Provocar ereção masculina ou a impotência sexual; além de inibir ou aumentar a libido de suas vítimas. As bruxas, em seus rituais, dançavam nuas nos campos e se alimentavam de fetos e cadáveres.
Atualmente, aos olhos da ciência moderna, principalmente da psicanálise, diversos "sintomas e indícios" de possessão demoníaca descritos no Malleus Maleficarum são apenas disfunções mentais, como histeria e alucinações. O ocorrido em Salem, Nova Inglaterra, no fim do século XVII, é um bom exemplo de histeria coletiva. Ainda sob o olhar dos historiadores modernos, os motivos que levaram à produção do Malleus Maleficarum não são mais que artimanhas políticas com pouca ou nenhuma argumentação religiosa.
De qualquer forma, o Malleus Maleficarum é um produto religioso e político dos mais significativos da Idade Média. Não é possível dissociá-lo do contexto histórico da Santa Inquisição, da Igreja Católica medieval, tampouco dos principais acontecimentos daquela época, como a peste negra, a queda do sistema feudal, a invenção da imprensa e o início da Renascença. Isto porque, de forma direta ou até mesmo contraditória, um acontecimento impacta sobre outro. Assim, o Malleus Maleficarum é mais que um "código penal eclesiástico" utilizado na Idade Média; é um registro fiel do que foi parte do pensamento da Igreja Católica medieval, com uma imensa oposição à figura da mulher e um desejo ensandecido de manter a autoridade política, econômica e religiosa e, desse modo, de todo um contexto deste capítulo da história da humanidade.
Esta idéia podia ser legitimada através do preceito que Eva surgiu de uma costela torta de Adão. Logo, ocorreu a associação que, conseqüentemente, todas as mulheres não podiam ser retas em sua conduta. Ainda, o pecado original ocorreu através do ato sexual (na metáfora de Adão e Eva comendo maçã) e, assim, a sexualidade era o ponto mais vulnerável do ser humano. Portanto, segundo o livro, "mas a razão natural está em que a mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas muitas abominações carnais".
Desse modo, qualquer mulher que se dispusesse a tratar pequenas enfermidades ou ferimentos com preparados do- mésticos à base de ervas, morasse sozinha e tivesse um animal de estimação (um gato, por exemplo), tivesse com- portamento pernicioso, entre outras alegações superficiais, podia ser acusada de bruxaria.
A tortura, como é sugerida no próprio Malleus Malefi- carum, era o método utilizado para extrair as confissões das supostas bruxas. Aparelhos como A dama de ferro e a Cadeira das Bruxas eram amplamente utilizados. Além de torturas menos sofisticadas, como aquecimento dos pés ou introdução de ferros sob as unhas. Deste modo, a ré passava por tantos suplícios que acabava por admitir as sentenças elaboradas pelo inquisidor.
Ainda, as lendas em torno das supostas bruxas propa- gavam-se entre o povo. Através da ação demoníaca, uma mulher podia ser capaz de se transformar em animais, voar e manipular a vontade, confundir o pensamento e a atitude de outras pessoas. Provocar ereção masculina ou a impotência sexual; além de inibir ou aumentar a libido de suas vítimas. As bruxas, em seus rituais, dançavam nuas nos campos e se alimentavam de fetos e cadáveres.
Atualmente, aos olhos da ciência moderna, principalmente da psicanálise, diversos "sintomas e indícios" de possessão demoníaca descritos no Malleus Maleficarum são apenas disfunções mentais, como histeria e alucinações. O ocorrido em Salem, Nova Inglaterra, no fim do século XVII, é um bom exemplo de histeria coletiva. Ainda sob o olhar dos historiadores modernos, os motivos que levaram à produção do Malleus Maleficarum não são mais que artimanhas políticas com pouca ou nenhuma argumentação religiosa.
De qualquer forma, o Malleus Maleficarum é um produto religioso e político dos mais significativos da Idade Média. Não é possível dissociá-lo do contexto histórico da Santa Inquisição, da Igreja Católica medieval, tampouco dos principais acontecimentos daquela época, como a peste negra, a queda do sistema feudal, a invenção da imprensa e o início da Renascença. Isto porque, de forma direta ou até mesmo contraditória, um acontecimento impacta sobre outro. Assim, o Malleus Maleficarum é mais que um "código penal eclesiástico" utilizado na Idade Média; é um registro fiel do que foi parte do pensamento da Igreja Católica medieval, com uma imensa oposição à figura da mulher e um desejo ensandecido de manter a autoridade política, econômica e religiosa e, desse modo, de todo um contexto deste capítulo da história da humanidade.
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