Os Manuscritos do Mar
Morto são uma coleção de centenas de textos e fragmentos de texto
encontrados em cavernas de Qumran, no Mar Morto,
no fim da década de 1940 e durante a década de 1950. Foram compilados por uma
seita de judeus conhecida comoEssênios,
que viveram em Qumran do século
II a.C. até aproximadamente 70. Porções de toda a Bíblia
Hebraica foram encontradas, exceto do Livro
de Ester e do Livro
de Neemias. Os manuscritos incluem também Livros apócrifos e livros de regras da
própria seita. Os Manuscritos do Mar Morto são de longe a versão mais antiga do
texto bíblico, datando de mil anos antes do que o texto original da Bíblia
Hebraica, usado pelos judeus atualmente. Atualmente, estão guardados no Santuário do Livro do Museu
de Israel, em Jerusalém.
Histórico
Os manuscritos do Mar Morto foram
casualmente descobertos por um grupo de pastores de cabras, que em busca
de um de seus animais localizou, em 1947, a primeira das cavernas com jarros
cerâmicos contendo os rolos de papíro. Inicialmente os pastores tentaram sem
sucesso vender o material em Belém. Mais tarde, foram finalmente vendidos para
Athanasius Samuel, bispo do mosteiro ortodoxo sírio São Marcos emJerusalém e
para Eleazar Sukenik, da Universidade Hebraica, em dois lotes
distintos.
A autenticidade dos
documentos foi atestada em 1948. Em 1954, governo israelense, que já
havia comprado o lote de Sukenik, comprou através de um representante, os
documentos em posse do bispo, por 250 mil dólares.
Outra parte dos manuscritos,
encontrada nas últimas dez cavernas, estavam no Museu Arqueológico da
Palestina, em posse do governo da Jordânia, que então controlava o território
de Qumram. O governo jordaniano autorizou apenas oito pesquisadores a
trabalharem nos manuscritos. Em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel apropriou-se do
acervo do museu, porém, mesmo com a entrada de pesquisadores judeus, o avanço
nas pesquisas não foi significativo. Apenas em 1991, com a quebra de sigilo por
parte da Biblioteca Hutington em relação aos microfilmes que Israel havia
enviado para algumas instituições pelo mundo, um número maior de pesquisadores
passou a ter acesso aos documentos, permitindo, enfim, que as pesquisas
avançassem significativamente.
Os desdobramentos em relação
aos resultados prosseguem e, recentemente, a Universidade da Califórnia apresentou
o "The Visualization Qumram Project" (Projeto de Visualização de
Qumram), recriando em três dimensões a região onde os manuscritos foram
achados. O Museu de Israel já publicou na Internet parte do material sob seus
cuidados e o Instituto de Antiguidades de Israel do Museu Rockefeller trabalha
para fazer o mesmo com sua parte do material.
Autoria
A autoria dos documentos é
até hoje desconhecida. Com base em referências cruzadas com outros documentos
históricos, ela é atribuída aos essênios, uma seita judaica que viveu na região
da descoberta e guarda semelhanças com as práticas identificadas nos textos
encontradas. O termo "essênio", no entanto, não é encontrado nenhuma
vez em nenhum dos manuscritos.
O que se sabe é que a
comunidade de Qumram era formada provavelmente por homens, que viviam
voluntariamente no deserto, em uma rotina de rigorosos hábitos, opunham-se à
religiosidade sacerdotal e esperavam a vinda de um messias.
Importância para o cânone
bíblico
Antes da descoberta dos
Rolos do Mar Morto, os manuscritos mais antigos das Escrituras
Hebraicas datavam da época do nono e do décimo século da era cristã.
Havia muitas dúvidas sobre a confiabilidade dessas cópias. A análise dos textos
encontrados mostra que os textos hebraicos eram bastante fluidos antes de sua
canonização. Há textos que são quase idênticos ao texto massorético embora haja
fragmentos do livro do Êxodo e de Samuel com diferenças significativas das
cópias modernas.
Mas o Professor Julio Trebolle Barrera,
membro da equipe internacional de editores dos Rolos do Mar Morto, declarou: "O
Rolo de Isaías [de Qumran] fornece prova irrefutável de que a transmissão do
texto bíblico, durante um período de mais de mil anos pelas mãos de copistas
judeus, foi extremamente fiel e cuidadosa."
O rolo mencionado por
Barrera trata-se de uma peça com 7 metros de comprimento, em aramaico, contendo
o inteiro livro de Isaías. Diferentemente deste rolo, a maioria deles é
constituída apenas por fragmentos, com menos de um décimo de qualquer dos
livros. Os livros bíblicos mais populares em Qumran eram os Salmos (36
exemplares), Deuteronômio (29 exemplares) e Isaías (21 exemplares). Estes são
também os livros mais frequentemente citados nasEscrituras
Gregas Cristãs.
Embora os rolos demonstrem
que a Bíblia não sofreu mudanças fundamentais, eles também revelam, até certo
ponto, que havia versões diferentes dos textos bíblicos hebraicos usadas pelos
judeus no período do Segundo Templo, cada uma com as suas próprias variações.
Nem todos os rolos são idênticos ao texto massorético na
grafia e na fraseologia. Alguns se aproximam mais da Septuaginta grega.
Anteriormente, os eruditos
achavam que as diferenças na Septuaginta talvez
resultassem de erros ou mesmo de invenções deliberadas do tradutor. Agora, os
rolos revelam que muitas das diferenças realmente se deviam a variações no
texto hebraico. Isto talvez explique alguns dos casos em que os primeiros
cristãos citavam textos das Escrituras Hebraicas usando fraseologia diferente
do texto massorético. — Êxodo 1:5; Atos 7:14. Assim, este tesouro de rolos e
fragmentos bíblicos fornece uma excelente base para o estudo da transmissão do
texto bíblico hebraico. Os Rolos do Mar Morto confirmaram o valor tanto da
Septuaginta como do Pentateuco samaritano para a comparação
textual.
Os rolos que descrevem as
normas e as crenças da seita de Qumran tornam bem claro que não havia apenas
uma forma de judaísmo no tempo de Jesus. A seita de Qumran tinha tradições
diferentes daquelas dos fariseus e dos saduceus. É provável que essas diferenças
tenham levado a seita a se retirar para o ermo. Eles se encaravam como
cumprindo Isaías 40:3 a respeito duma voz noermo para tornar
reta a estrada de YHWH.
Diversos fragmentos de rolos mencionam o Messias, cuja vinda era encarada como
iminente pelos autores deles. Isso é de interesse especial por causa do
comentário de Lucas, de que “o povo estava em expectativa” da vinda do Messias.
— Lucas 3:15.
Os Rolos do Mar Morto ajudam
até certo ponto a compreender o contexto da vida judaica no tempo em que Jesus
pregava. Fornecem informações comparativas para o estudo do hebraico antigo e
do texto da Bíblia. Mas o texto de muitos dos Rolos do Mar Morto ainda exige
uma análise mais profunda.
Controvérsias
A associação de Jesus Cristo
com a seita dos essênios ou sua influência sobre estes é controversa.
Os essênios, que viviam em comunidades isoladas, tinham conceitos muito
diferentes dos das outras seitas judaicas (Saduceus, Fariseus) sobre
a Lei de Moisés.
Preocupavam-se em especial com a purificação pessoal, eram geralmente
celibatários e vestígios encontrados nas cavernas de Qumran indicam que se
vestiam apenas com túnicas brancas e acessórios simples. Havia uma
interpretação muito rígida da guarda do sábado, pois segundo suas regras, até
fazer suas necessidades fisiológicas era considerado violação ao sábado. A
seita dos essênios mantinha uma estrita postura com o sábado devido a lei de
Moisés estar vigente durante aquele periodo.
Israel Knohl
O acadêmico judeu Dr. Israel Knohl, presidente do
Departamento Bíblico da Universidade Hebraica de Jerusalém e
professor convidado nas universidades de Berkeley e de Stanford, apresenta no seu livro:
"The Messiah Before Jesus" (O Messias antes de Jesus), com base
nestes pergaminhos, a tese de que por volta do ano do nascimento de Jesus
Cristo falecera um suposto Messias, chamadoMenahem, o essénio, em circunstâncias
semelhantes àquelas em que o próprio Jesus mais tarde viria a morrer (apesar
das obras e ensinamentos de cada qual contrastarem, conforme se verá em
seguida), e supõe o autor que Jesus poderia ter tido conhecimento desta
história.
Menahem (ou Menachem), líder
de uma seita judaica de
Qumran, tentou liderar uma revolta contra os Romanos,
mas acabou morto por estes, que proibiram que o seu corpo fosse enterrado. Este
grupo de discípulos, ao contrário dos cristãos, logo se dissipou. Este Menahem
teria, segundo Knohl, falecido por volta de 4 a.C.
Michael Wise
Outro académico, o cristão Michael Wise, professor nos
Estados Unidos, afirma que o messias dos pergaminhos se chamava Judah e morreu
de forma violenta por volta de 72 a.C. Wise publicou o livro "The First
Messiah" em 1999.
E-mail/ MSN: apocalipsedosanjos@hotmail.com
Twitter: @Noitedoanjo
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