Soube que Enlil enfureceu-se contra mim, não ouso mais andar por sua terra, nem viver em sua cidade; irei ao Golfo para habitar com Ea, meu senhor. Mas sobre vós ele choverá em abundancia, peixes raros e ariscas aves silvestres, uma rica colheita da maré. Ao anoitecer, o cavaleiro da tempestade vos trará trigo na forma de torrentes. (Epopéia de Gilgamesh, séc. VII a.C.).
Um milagre muito natural
O inventor do dito popular “nem que chova canivete” era um homem prevenido porque a julgar pelo testemunho dos registros mais insólitos provindo dos quatro cantos do planeta nunca se sabe o que poderia cair em sua horta. Muitos atestam a precipitação de pedras, sementes, peixes, anfíbios, mamíferos, alienígenas, sangue, etc. Certa vez o depósito ligado ao banheiro de um avião superlotou e abriu durante o vôo, projetando tremenda chuva de excremento humano. Em maio de 2000 caíram duas “bolas de ferro” incandescentes na Cidade do Cabo, na África do Sul. A imprensa correu feliz para fotografar os artefatos manufaturados caídos do céu, mas perdeu o interesse ao descobrir que se tratava de lixo espacial, obediente à antiga máxima segundo a qual tudo que sobe tem que descer (EXTRA, 02/05/2000). Na década de 90 vi um coqueiro localizado em local elevado fazer chover uma pesada penca de cocos que rolaram atrás de pedestres apavorados até o fim da ladeira. Contudo, muitas vezes não sabemos ou não queremos ver de onde veio a ‘chuva’. A Bíblia menciona a queda matinal de alimento durante 40 anos sobre o povo judeu no deserto (Êxodo 16:35). Flávio Josefo (Ant., III, t. 5), entre outros, tratam da continuidade do fenômeno. Em 1483 uma testemunha ocular escreveu sobre estas “chuvas” ao decano de Maguncia Breitenbach, ao descrever sua peregrinação ao Sinai:
Em todos os vales que rodeiam o monte Sinai se encontra até em nossos dias o chamado “pão caído do céu” que os monges e os árabes coletam, conservam e vendem aos pelegrinos e estrangeiros que passam por aquele país... O referido pão cai pela montanha, ao amanhecer, como rocio ou orvalho, em gotas sobre a erva, pedras ou ramos das árvores. É doce como o mel, e adere aos dentes quando se mastiga. Dele adquirimos algumas porções.[1]
De acordo com o Códice Cremona (1558), o maná bíblico era obtido da secreção de Coccidae (protozoários, esporozoários, parasitas da planta Tamarix mannifera). Em verdade o maná produzido na natureza ainda “chove” em determinadas épocas do ano e é vendido como produto comercial, com o nome de manit. Porém, nenhum judeu ou cristão neste mundo deixará de considerar a narrativa bíblica como milagre. O jardineiro Roland Moody e sua esposa alegaram que, junto com a neve, caíram pelo menos vinte e cinco precipitações de sementes de agrião “cobertas de geléia”, mostarda, ervilha, milho e feijão em sua casa, num subúrbio de Southampton, a partir do dia 12 de fevereiro de 1979. O relato foi endossado pelos vizinhos Sr. e Sr.ª Gale, Sr. e Sr.ª Stockley e filhos residentes. Além de ter sido atingida de forma reincidente e persistente a Sr.ª Stockley alega, inclusive, que no ano anterior também caíram sementes de mostarda e agrião no jardim de sua casa. Ela telefonou para a polícia, que não conseguiu descobrir coisa alguma que pudesse provocar a chuva de sementes. Finalmente, os vizinhos decidiram juntá-las e planta-las. “Colhi quatro baldes cheios de mostarda e agrião”, diz a Sr.ª Moody. “O feijão cresceu, a ervilha cresceu, tudo cresceu”.[2] O Sr. e a Sr.ª Stockley guardaram parte da safra celestial no freezer para provar que tudo isso aconteceu. Imagino que essas mudas divinas devam ter vendido maravilhosamente bem; porém, estranhamente, as sementes só caíram sobre as três casas na rua, e nem uma única sequer na pista em frente.
Não havia árvores na rua e não era época de avelãs durante a experiência sofrida pelo Sr. Alfred Wilson Osborne em 13 de março de 1977, mas “ainda assim”, lembra o Sr. Osborne, as que choveram ao seu redor “eram muito frescas, doces e gostosas”. Ele e sua esposa estavam voltando da igreja para sua casa em Bristol quando testemunharam o que ele considera “a coisa mais espantosa do mundo”. Ambos passavam pela vitrine de uma loja de automóveis quando choveu de 350 a 450 avelãs de um céu “praticamente limpo e azul, com uma única nuvem passando”. Elas “zuniam quando caíam sobre os carros”. Três minutos depois um amigo dos Osborne recebeu um “banho” de avelãs ao passar pelo mesmo local.[3] Nenhum deles suspeitou de alguma criança ou inimigo oculto sob o telhado da loja de automóveis. Segundo o Symons Monthly Meteorological Magazine, em Dublin, no ano 1867, caiu uma chuva de avelãs fossilizadas com tal força que “mesmo a polícia, protegida por chapéus especialmente reforçados, foi obrigada a abrigar-se da fuzilaria aérea!”.[4]
Presentes do furacão
Há casos em que a chuva não escolhe alvos privilegiados. Na novela Fera Ferida o alquimista Raimundo Flamel (Edson Celulari) faz chover ouro em pó sobre sua cidade e na música It’s Raining Men, do grupo The Weather Girs, toda mulher solteira pode ir às ruas escolher seu homem perfeito em meio à intempérie humana. Mas em matéria de não-ficção nem sempre o que cai do céu é valorado de forma positiva. Há relatos de chuvas de rãs e sapos, anfíbios estigmatizados pela famosa “praga das rãs” (Êxodo 8:1-5) lançada contra o Egito (cuja deusa-rã Heqt foi incapaz de impedir).[5] Por exemplo, em O Livro dos Danados, Charles Fort reuniu numerosos relatos de chuvas diferentes como o caso do Sr. Stoker que dirigia pelo Newark Valley quando “caiu uma tempestade e, com ela, vieram as rãs. Depois foram cavalos, apoiados em suas patas traseiras”. Em suas Histórias, o filósofo grego Heraclides Lembus, nascido em 170 a.C., registrou este terrível incômodo:
Na Peônia e na Dardânia, houve chuvas de rãs, e seu número era tão grande que elas encheram as casas e as ruas. Nos primeiros dias, as pessoas as matavam, fechavam as casas e faziam o que podiam. Mas depois nada mais havia a tentar para por fim àquilo; as vasilhas se enchiam de rãs, que eram encontradas cozidas ou assadas juntamente com os alimentos. Além disso, não se podia usar a água nem pisar no chão, coberto como estava desses bichos. Repugnados com o mau cheiro das rãs mortas, os habitantes fugiram desses lugares.[6]
Há muitos casos registrados ao longo da história em que cardumes, anfíbios e animais que vivem próximos à água caem com a chuva. Geralmente as pessoas se assustam com o presente dos céus, mas houve um caso em que os peixes caídos foram aproveitados e transformados em curry. A Crônica de Maravilhas e Espetáculos (1557) ilustrou uma chuva de peixes em Sojonia, ocorrida no ano 989, e uma de rãs ou sapos em 1355. Outras fontes nem sempre confiáveis informam que no século IV choveu peixes durante três dias no distrito grego de Quersoneso. “Caíram tantos peixes que bloquearam as ruas, impedindo de abrir as portas”. Em maio de 2000 as aberrações do passado transportaram-se ao presente e a agência Reuters noticiou a inaudita precipitação na Etiópia: “A rara chuva fez com que milhões de peixes despencassem do céu, alguns mortos e outros ainda se debatendo, criando pânico entre os agricultores mais religiosos”. Dessa vez, Saloto Sodoro, especialista em peixes na região, atribuiu o fenômeno às fortes tempestades formadas no oceano Índico que ‘sugaram’ os peixes antes de derrubá-los sobre os incautos fazendeiros.
Chuva de sangue
Na onda de debates ecológicos que varreu a segunda metade do século XX a chuva ácida fabricada pela poluição ganhou muitas vezes um lugar de destaque. Na ficção Doug Moench imaginou este processo em fase crítica, mudando inclusive a cor e a composição da chuva que cai sobre Gothan City. Na mini-série em quadrinhos Chuva Rubra (Red Rain, 1992), Batman enfrenta Drácula debaixo de uma virulenta tempestade vermelha.
Drácula observa a chuva vermelha em Gothan City. (Arte de Kelley Jones, Malcolm Jones III e Lês Dorscheid; Chuva Rubra, 1992).
Não sei se os quadrinhos foram inspirados na pesquisa do jornalista Charles Fort (1874-1932), mas parece que nos dias 12 e 13 de novembro de 1903 o sul da Inglaterra tornou-se inabitável devido à colossal chuva vermelha. No dia 19 chuva análoga cobriu todas as Canárias, o que levou Fort a concluir que “em 1903 passamos através dos restos de um mundo pulverizado”.[7] Três análises publicadas em revistas científicas sobre diferentes amostras resultaram em, respectivamente, 9,08%, 23,49% e 36% de água e matéria orgânica. Até 27 de fevereiro esta precipitação prosseguia na Bélgica, Holanda, Alemanha e Áustria, sendo que em alguns casos quase toda a matéria era orgânica. Um navio informou acerca de uma precipitação no Oceano Atlântico, a meio caminho entre Southampton e Barbados. Segundo os dados compilados por Fort, calcula-se que tenham sido precipitadas dez milhões de toneladas de matéria na Inglaterra. Também caiu na Suíça (Symons’ Met. Mag. Março de 1903), na Rússia (Bull. Com. Geolog., 22-48) e uma grande quantidade de matéria não apenas havia caído vários meses antes na Austrália, mas continuava caindo naquele mesmo período (Victorian Naturalist, junho de 1903) – em enormes quantidades – lodo vermelho – cinqüenta toneladas por milha quadrada (1 milha = 250 hectares). “O que isso está fazendo conosco? De um jeito ou de outro, diretamente ou não, certamente está mudando o que bebemos”.
Em todos os vales que rodeiam o monte Sinai se encontra até em nossos dias o chamado “pão caído do céu” que os monges e os árabes coletam, conservam e vendem aos pelegrinos e estrangeiros que passam por aquele país... O referido pão cai pela montanha, ao amanhecer, como rocio ou orvalho, em gotas sobre a erva, pedras ou ramos das árvores. É doce como o mel, e adere aos dentes quando se mastiga. Dele adquirimos algumas porções.[1]
De acordo com o Códice Cremona (1558), o maná bíblico era obtido da secreção de Coccidae (protozoários, esporozoários, parasitas da planta Tamarix mannifera). Em verdade o maná produzido na natureza ainda “chove” em determinadas épocas do ano e é vendido como produto comercial, com o nome de manit. Porém, nenhum judeu ou cristão neste mundo deixará de considerar a narrativa bíblica como milagre. O jardineiro Roland Moody e sua esposa alegaram que, junto com a neve, caíram pelo menos vinte e cinco precipitações de sementes de agrião “cobertas de geléia”, mostarda, ervilha, milho e feijão em sua casa, num subúrbio de Southampton, a partir do dia 12 de fevereiro de 1979. O relato foi endossado pelos vizinhos Sr. e Sr.ª Gale, Sr. e Sr.ª Stockley e filhos residentes. Além de ter sido atingida de forma reincidente e persistente a Sr.ª Stockley alega, inclusive, que no ano anterior também caíram sementes de mostarda e agrião no jardim de sua casa. Ela telefonou para a polícia, que não conseguiu descobrir coisa alguma que pudesse provocar a chuva de sementes. Finalmente, os vizinhos decidiram juntá-las e planta-las. “Colhi quatro baldes cheios de mostarda e agrião”, diz a Sr.ª Moody. “O feijão cresceu, a ervilha cresceu, tudo cresceu”.[2] O Sr. e a Sr.ª Stockley guardaram parte da safra celestial no freezer para provar que tudo isso aconteceu. Imagino que essas mudas divinas devam ter vendido maravilhosamente bem; porém, estranhamente, as sementes só caíram sobre as três casas na rua, e nem uma única sequer na pista em frente.
Não havia árvores na rua e não era época de avelãs durante a experiência sofrida pelo Sr. Alfred Wilson Osborne em 13 de março de 1977, mas “ainda assim”, lembra o Sr. Osborne, as que choveram ao seu redor “eram muito frescas, doces e gostosas”. Ele e sua esposa estavam voltando da igreja para sua casa em Bristol quando testemunharam o que ele considera “a coisa mais espantosa do mundo”. Ambos passavam pela vitrine de uma loja de automóveis quando choveu de 350 a 450 avelãs de um céu “praticamente limpo e azul, com uma única nuvem passando”. Elas “zuniam quando caíam sobre os carros”. Três minutos depois um amigo dos Osborne recebeu um “banho” de avelãs ao passar pelo mesmo local.[3] Nenhum deles suspeitou de alguma criança ou inimigo oculto sob o telhado da loja de automóveis. Segundo o Symons Monthly Meteorological Magazine, em Dublin, no ano 1867, caiu uma chuva de avelãs fossilizadas com tal força que “mesmo a polícia, protegida por chapéus especialmente reforçados, foi obrigada a abrigar-se da fuzilaria aérea!”.[4]
Presentes do furacão
Há casos em que a chuva não escolhe alvos privilegiados. Na novela Fera Ferida o alquimista Raimundo Flamel (Edson Celulari) faz chover ouro em pó sobre sua cidade e na música It’s Raining Men, do grupo The Weather Girs, toda mulher solteira pode ir às ruas escolher seu homem perfeito em meio à intempérie humana. Mas em matéria de não-ficção nem sempre o que cai do céu é valorado de forma positiva. Há relatos de chuvas de rãs e sapos, anfíbios estigmatizados pela famosa “praga das rãs” (Êxodo 8:1-5) lançada contra o Egito (cuja deusa-rã Heqt foi incapaz de impedir).[5] Por exemplo, em O Livro dos Danados, Charles Fort reuniu numerosos relatos de chuvas diferentes como o caso do Sr. Stoker que dirigia pelo Newark Valley quando “caiu uma tempestade e, com ela, vieram as rãs. Depois foram cavalos, apoiados em suas patas traseiras”. Em suas Histórias, o filósofo grego Heraclides Lembus, nascido em 170 a.C., registrou este terrível incômodo:
Na Peônia e na Dardânia, houve chuvas de rãs, e seu número era tão grande que elas encheram as casas e as ruas. Nos primeiros dias, as pessoas as matavam, fechavam as casas e faziam o que podiam. Mas depois nada mais havia a tentar para por fim àquilo; as vasilhas se enchiam de rãs, que eram encontradas cozidas ou assadas juntamente com os alimentos. Além disso, não se podia usar a água nem pisar no chão, coberto como estava desses bichos. Repugnados com o mau cheiro das rãs mortas, os habitantes fugiram desses lugares.[6]
Há muitos casos registrados ao longo da história em que cardumes, anfíbios e animais que vivem próximos à água caem com a chuva. Geralmente as pessoas se assustam com o presente dos céus, mas houve um caso em que os peixes caídos foram aproveitados e transformados em curry. A Crônica de Maravilhas e Espetáculos (1557) ilustrou uma chuva de peixes em Sojonia, ocorrida no ano 989, e uma de rãs ou sapos em 1355. Outras fontes nem sempre confiáveis informam que no século IV choveu peixes durante três dias no distrito grego de Quersoneso. “Caíram tantos peixes que bloquearam as ruas, impedindo de abrir as portas”. Em maio de 2000 as aberrações do passado transportaram-se ao presente e a agência Reuters noticiou a inaudita precipitação na Etiópia: “A rara chuva fez com que milhões de peixes despencassem do céu, alguns mortos e outros ainda se debatendo, criando pânico entre os agricultores mais religiosos”. Dessa vez, Saloto Sodoro, especialista em peixes na região, atribuiu o fenômeno às fortes tempestades formadas no oceano Índico que ‘sugaram’ os peixes antes de derrubá-los sobre os incautos fazendeiros.
Chuva de sangue
Na onda de debates ecológicos que varreu a segunda metade do século XX a chuva ácida fabricada pela poluição ganhou muitas vezes um lugar de destaque. Na ficção Doug Moench imaginou este processo em fase crítica, mudando inclusive a cor e a composição da chuva que cai sobre Gothan City. Na mini-série em quadrinhos Chuva Rubra (Red Rain, 1992), Batman enfrenta Drácula debaixo de uma virulenta tempestade vermelha.
Drácula observa a chuva vermelha em Gothan City. (Arte de Kelley Jones, Malcolm Jones III e Lês Dorscheid; Chuva Rubra, 1992).
Não sei se os quadrinhos foram inspirados na pesquisa do jornalista Charles Fort (1874-1932), mas parece que nos dias 12 e 13 de novembro de 1903 o sul da Inglaterra tornou-se inabitável devido à colossal chuva vermelha. No dia 19 chuva análoga cobriu todas as Canárias, o que levou Fort a concluir que “em 1903 passamos através dos restos de um mundo pulverizado”.[7] Três análises publicadas em revistas científicas sobre diferentes amostras resultaram em, respectivamente, 9,08%, 23,49% e 36% de água e matéria orgânica. Até 27 de fevereiro esta precipitação prosseguia na Bélgica, Holanda, Alemanha e Áustria, sendo que em alguns casos quase toda a matéria era orgânica. Um navio informou acerca de uma precipitação no Oceano Atlântico, a meio caminho entre Southampton e Barbados. Segundo os dados compilados por Fort, calcula-se que tenham sido precipitadas dez milhões de toneladas de matéria na Inglaterra. Também caiu na Suíça (Symons’ Met. Mag. Março de 1903), na Rússia (Bull. Com. Geolog., 22-48) e uma grande quantidade de matéria não apenas havia caído vários meses antes na Austrália, mas continuava caindo naquele mesmo período (Victorian Naturalist, junho de 1903) – em enormes quantidades – lodo vermelho – cinqüenta toneladas por milha quadrada (1 milha = 250 hectares). “O que isso está fazendo conosco? De um jeito ou de outro, diretamente ou não, certamente está mudando o que bebemos”.
Segunda praga: Transformação da água em sangue
No livro do Êxodo, a segunda praga exorta que “haja sangue em toda a terra do Egito, até nas árvores e nas pedras” (Êxodo 7:19). Chuvas vermelhas foram ocorrentes na Idade Média, quando foram chamadas “chuvas de sangue”.[9] Jerome Clark compilou um caso raro ocorrido no século XX, registrado nos jornais de 30 de agosto de 1968 em São Paulo, Brasil, que fala de uma chuva de carne e sangue em duas pequenas cidades entre Paulo e Rio de Janeiro. Diz a declaração de uma autoridade:
Os pedaços de carne foram encontrados a distâncias de meio metro uns dos outros, com comprimentos que variam entre 5 e 20 cm. A carne era de textura esponjosa e de cor violeta e veio acompanhada de gotas de sangue. O céu na ocasião estava limpíssimo. Não havia aviões, antes, durante ou depois do evento, e tampouco pássaros no céu.[10]
A Popular Science News (35-104) informou que, segundo o prof. Luigi Palazzo, chefe do Serviço Meteorológico Italiano, caiu alguma coisa do céu que tinha cor de sangue fresco em Messignadi na Calábria, no dia 15 de maio de 1890. A substância foi examinada pelos microscopistas dos laboratórios do Ministério da Saúde em Roma e concluiu-se que era sangue. Como o teste de DNA ainda não existia cogitou-se que “a explicação mais provável deste terrível fenômeno é que pássaros migratórios (codornas ou andorinhas) foram atingidos por uma tromba de ar e despedaçados”.[11] Charles Fort discorda desta teoria porque 1) não há nenhuma prova de que havia uma tromba de ar naquele momento, 2) tal substância seria atomizada num vento violento 3) não foi visto nenhum pássaro caindo do céu e 4) não se chegou a ver nem uma pena de pássaro. Segundo Fort, mais tarde, no mesmo lugar, o sangue choveu novamente do céu, fato que prova não ser produto de uma tromba de ar que “ainda que seja estacionária segundo o próprio eixo, descarrega-se tangencialmente”.[12] Suas pesquisas e notas contendo muitos relatos insólitos como este podem ser lidos em seus quatro livros publicados entre 1919 e 1932: The Book of the Damed, New Lands, Lo! e Wild Talents. Outras curiosidades da mesma espécie podem ser encontradas em O Mundo Misterioso de Arthur C. Clarke, de Simon Welfare e John Fairley, bem como na Enciclopédia do Inexplicável de Jerome Clark. (Todos altamente recomendáveis desde que o leitor tenha um mínimo de bom senso).
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