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29 de outubro de 2012

Biografia de Vlad Tsepesh, o Conde Drácula


Texto de Jean Paul Bourre

Na Transilvânia, a uma altitude vertiginosa acima de uma paisagem selvagem, toda florestas e ribeiros, eleva-se uma cidadela inacessível onde, enclausurado voluntariamente, vivia noutros tempos um príncipe...
Este solitário não tinha senão um único fim: transpor os limites da morte e entrar vivo na eternidade. Drácula, eis o nome deste amante das ciências malditas. Nosferatu, isto é: o «não morto», aquele que não morre nunca.
Como ele, outros senhores poderosos transformaram os seus castelos romenos em ninhos de águias, ficando discípulos do Anjo Negro, Lúcifer. Esses sim, praticam o verdadeiro vampirismo, alquimia do sangue e da morte.
Nosferatu pode escrever-se só no plural porque não há só um nosferatu. Se Drácula, o príncipe Vlad Drakul, cuja história romena recorda, é considerado como o soberano dos adeptos da noite, ele não é único «não morto». Outros pertenceram ou ainda pertencem a essa cadeia onde os segredos do sangue se transmitem do mestre para o discípulo.
Os vampiristas conhecem o ritual de chamamento à vida, o ritual do despertar que se pode encontrar no Livre Sacré d’ Abramelin le Mage. Foi a partir deste manuscrito que formou a primeira cadeia dos «não mortos» que se espalharia pela Europa inteira.
No âmbito da magia e terror tal como se passa com os elfos, os papões, as fadas, o lobisomem etc., nós vimos o vampiro aparecer com rara constância nas lendas e tradições populares. No entanto, a lenda não é somente uma «crença popular», uma vaga superstição de que nos lembramos. Ela pertence sempre a uma realidade esquecida, temerosa.
A história revela-nos que o conde Drácula não era conde mas príncipe e que reinou em Valáquia, província dos Cárpatos,de 1456 a 1462. É também conhecido pelo nome de Vlad Tepes, o que quer dizer vlad o empalador. O historiador Florescu descreve-o como especialista em empalamento e tortura, homem sanguinário e destemido guerreiro.
«Ele empregava», escreve ele, «estacas e lanças que precisavam ser afiadas, para que as perfurações não provocassem imediata agonia e antes intensificassem o sofrimento dado o tipo de chaga alargada que daí resultava.»
A Romênia – especialmente a Transilvânia de século XV tem a marca do vampiro. Tudo, desde a busca mágica do príncipe Drácula, a criação da Ordem do Dragão por Segismundo I da Hungria que se tornou ponta de lança da cavalaria das trevas, uma ordem vampírica a que toda a aristocracia da Transilvânia aderiu, os Drácula, os Garai, Cillei e outros, tudo ali existe.
A crueldade de vlad ficou na lenda.
«Ele foi vlad Tepes, o tirano. Nada o satisfazia tanto como ver os seus inimigos no estertor e sofrer quando empalados. Conta-se que no meio dos moribundos suspensos de estacas ele se fazia servir das mais lautas refeições, para mostrar que o espetáculo cruel e a forma de matar os inimigos não lhe roubava o apetite.» (F. R. Dumas.)
Em Târgoviste ele empalou, na Páscoa de 1459, quinhentos Boyards. A 24 de Agosto de 1460, os anais da Romênia precisam que ele matou – após torturas e suplícios – 30 000 prisioneiros em Anilas:
«Assassinou alguns fazendo passar por cima deles os rodados de carros. A outros, despojando-os das suas roupagens, arrancou a pele até às entranhas. Assou alguns sobre brasas, atravessados por espetos e a tantos perfurava-lhes as nádegas com estacas que saíam pela boca... e parra que nada fosse esquecido, quanto a atrocidades possíveis, espetou, a uma mãe, os dois seios colocando-lhe por cima o filho ainda bebê.»
Enfim, matou de muitas e diversas maneiras, torturando com a ajuda de utensílios, fazendo atrocidades que só o mais tirano dos tiranos poderia conceber.
O papa Pio li ficou horrorizado. O bispo d’ Erlau, em 1475, secundou a acusação de que o número de vítimas do príncipe Drácula se elevava a mais de cem mil pessoas.
Sendo ele cristão ortodoxo, a sua excomunhão tê-lo-ia atirado para os infernos! E não foi citado que, após ter conquistado Kroonstadt, fez dos seus habitantes prisioneiros levando-os para a capela de S. Jacques, para a Igreja de S. Bartolomeu e para o mosteiro de Holtznetya onde, depois de roubar os paramentos e os cálices, deitou fogo aos edifícios com as pessoas lá dentro, matando todos os que ali se encontravam.
Com a aparição de um tal Eleazar, chegado do Egito, detentor do famoso Manuscrito de Abremelin, é que tudo afinal começou...
Uma seita do Egito revelou-lhe os mistérios da morte e as técnicas que permitiriam obter-se um aspecto de imortalidade. Chegado a Veneza, transmitiu para a escrita tudo o que ouvira da boca de Abramelin, no Egito. É em Veneza que põe em prática a sua ciência sobre os mortos... de um modo eficaz e terrífico. Alguns jovens mais ousados agruparam-se à sua volta e formaram o primeiro elo desta cadeia européia. Este saber vinha das práticas de Osíris, o deus dos mortos-vivos do Egito, aquele que foi desmembrado antes de se tomar imortal.
Nas primeiras páginas do manuscrito maldito, Abramelin revela através da escrita de Eleazar: «Imagina a que ponto a nossa seita se tornou maldita que ultrapassa o gênero humano... de tal modo que em ti , não se manterá para além de uns setenta e dois anos... e outra virá continuar-lhe caminho.»
O discípulo de Abremelin deixou Veneza, onde ficou um grande número de partidários que se instalou na ilha de Lagune, ilha essa onde noutros tempos se orara ao dragão das águas, o que prova que nada se escolhe por acaso...
Eleazar chegou à Hungria, onde se tornou conselheiro, em matéria de ocultismo, do imperador Segismundo, iniciando-o nas práticas de Abremelin.
O imperador da Hungria acabava assim de descobrir uma resposta para as suas angústias, um remédio para o seu temor à morte. Aconselhado por Eleazar fundou a Ordem do Dragão na mitologia do sangue.
Vlad o Diabo, príncipe da Valáquia e pai de Drácula, pertencera a esta Ordem, onde foi iniciado nos mistérios do sangue segundo os ritos de Abremelin.
A seguir à morte de Vlad, Drácula subiu ao trono de Valáquia. Segismundo da Hungria doou-lhe as terras, feudos de Almas e Fagaras situados na outra vertente dos Cárpatos e é sob a bandeira do Dragão que ele combate os turcos, depois de prestar vassalagem ao grão-mestre da Ordem.
Na Ordem do Dragão vamos encontrar os grandes adeptos vampiros da Romênia, homens de armas e ao mesmo tempo praticantes da velha magia. As famílias Garai e Cillei, são conhecidas pela sua crueldade e despotismo, autênticas «eminências pardas» do imperador Segismundo. Hermann de Cillei foi o exemplo vivo desta aristocracia infernal!
As relações pervertidas que mantinha com a irmã bárbara tornaram-se do domínio público mas Hermann de Cillei gozava com o escândalo para o qual ele e sua irmã viviam.
Foi nessa altura que Segismundo I tentou a grande experiência do livro de Abramelin. Ele estava apaixonado por bárbara de Cillei que, ainda nova, cansada pelos seus excessos debochados, acabava de se envenenar.
bárbara de Cillei fora por muito tempo das cúpulas da ordem. Segismundo serviu-se do ritual próprio para ressuscitar esta jovem, segundo nos conta Eleazar através dos seus documentos.
O castelo de Drácula
Bárbara foi enterrada em Gráz, na alta Síria. Algum tempo depois, os seus despojos foram transportados para o castelo de Varazdin. Foi ela a inspiradora da obra prima da literatura vampiresca do século XIX: Carmila, de Shéridan Le Fanu.
Bárbara Cillei, a quem chamavam «a Messalina alemã», perturbou durante muito tempo a sua região, a acreditar-se nas crônicas da época.
O seu duplo ter-se-ia manifestado em 1936, em Varazdin, na atual Jugoslávia, e causou a morte a seis pessoas muito novas da aldeia. Na Transilvânia, a natureza oferece à vista profusão desordenada de montanhas que protegem estreitos vales, tornando assim o acesso muito difícil. Os cumes desnudados ergem-se sobre as aldeias, como que para lembrar as glórias antigas na época em que os enormes penedos suportavam verdadeiras fortalezas de muralhas sombrias, de maciças torres.
Foi aí que, fechado no seu ninho de águia, Hermann de Cillei escreveu a sua Pratique de Vampirisme, deixando às gerações futuras um verdadeiro manual de técnica (o segredo da «horrível transformação» transmitia-se entre as famílias da nobreza da Transilvânia, os Garaï, e os Dráculas, todos nobres da Ordem do Dragão).
«O vosso corpo imortal já existe», escreve Hermann Cillei. «Fazei crescer esta outra realidade em vós, tornai-vos confiante, deixai-vos possuir pelo Real. Sede aquele que nunca dorme, não sucumbe aos automatismos, nunca se esquece de si próprio nem um segundo, um ser que vence o coma e a morte. O vosso corpo prosseguirá. Como poderia ele resignar-se à lei da decomposição? O vosso espírito despertado retém as moléculas da carne. A partir de então o corpo não soçobrará, pois é a falta de vitalidade, de força anímica, que fazem o corpo tornar-se em pó. E o mesmo que tirar as pedras de cunha a uma casa.
»Em primeiro lugar é preciso agir sobre o nosso duplo astral, torná-lo autônomo, forçá-lo a sair do corpo, ensiná-lo a errar no plano astral, ensiná-lo a viver sem depender do corpo e dos seus hábitos. Logo que o duplo se souber governar perfeitamente, pode então a consciência abandonar o corpo e vir habitar o duplo. Depois da morte continuará a errar. Deveis pois alimentá-lo com a vitalidade que o vosso sangue contém.»
Pode imaginar-se facilmente Hermann Cillei metido numa das torres do seu castelo, fixando a chama hipnótica da vela, escrevendo o manual de vampirismo, já entre este mundo e o outro. Ouve vozes confusas vindas do passado, vê cenas terríveis de que as montanhas foram testemunhas... O vale está povoado por seres fantásticos, sombras que deslizam ao cair da noite... olhos que espreitam entre a escuridão...
A maldição plana como um abutre sobre os castelos da Transilvânia. Bárbara de Cillei morreu envenenada. A mulher de Drácula atirou-se do alto da torre do castelo, em 1462. Drácula voltou a casar-se – sem a bênção da igreja – e vive então na fortaleza de Sibiu. O filho, Mihnea, é tão mau como o pai. Alcunharam-no de Mihnea, o Mau. Também ele pratica decapitações, carnificinas, cortes de orelhas, empalamentos e estuda as «ciências» malditas para fugir à morte.
O príncipe Drácula – vlad Drakul – foi morto pelos turcos numa emboscada perto de Bucareste. Tinha 45 anos, e «foi enterrado subrepticiamente no mosteiro de Snagov sob uma laje sem inscrição. Quando em 1931 foi aberta a sepultura constatou-se que os seus despojos tinham desaparecido».
Que é que se passou? pergunta Ribadeau-Dumas: «Os monges do mosteiro de Snagov, na floresta de VIasie, no meio de um grande lago, como existe um em Bucareste, mergulharam o caixão nessas águas ao ver chegar os turcos vitoriosos. Depois de afundado nunca mais se encontrou o caixão. Conta-se que no momento em que o mergulharam na água, teria surgido uma tempestade violenta, deitando árvores abaixo, rebentando os diques do lago, incendiando o mosteiro que desabou em seguida. Aos camponeses pareceu-lhes ouvir durante muito tempo tocar os sinos da igreja, igualmente arrasada nesta onda de destruição. Aquele lago ficou amaldiçoado!
»No século XX reconstruíram a igreja do convento, mas a nave abateu aquando de um tremor de terra em 1940. Hoje, apenas um monge ora nesta ilha, pelo repouso da alma do príncipe Drácula.»
Para se chegar ao castelo de Drácula, na Transilvânia, é preciso transpor o vale de Ollul, trepar o desfiladeiro da «Torre Vermelha», onde ainda existem ruínas de uma fortaleza militar. Estas ruínas levantam-se sobre a margem direita de uma ribeira, no alto de uma enorme falésia perpendicular à estrada. Encontramo-nos nas nascentes do Arges, por cima das quais brilha a neve dos montes Fagaras.
As aldeias são pobres, as casas modestas, os habitantes mais duros e menos sociáveis e hospitaleiros que os de outras províncias da romênia. A uns trinta quilômetros a jusante encontra-se a aldeia de Arefu onde lá em cima se ergue o ninho de águia de Drácula.
Numerosas lendas relatam a construção do castelo do terror. As crônicas da época dizem que Vlad Draklul reuniu trezentos nobres romenos na sala grande do seu palácio de Târgoviste, oferecendo-lhes um banquete suntuoso. Durante a festa, colocara à volta da sala os seus arqueiros que, a uma ordem sua, aprisionariam os convidados. E, como um rebanho, fez seguir os seus convidados até Arefu, onde chegaram dois longos dias depois.
Numerosas mulheres e crianças, diz a crônica, não agüentando a caminhada, pereceram a meio. Os que sobreviveram, logo se agarraram ao trabalho sob as ordens do príncipe Drácula. E assim construíram a fortaleza de Curtes de Arges, que seria mais tarde o ninho de águia do príncipe.
«A história não esclarece quanto tempo levou esta construção. Escravizados, acabaram por ver suas roupas cair, continuando a trabalhar nus; prosseguiram até tombar mortos pela fome, fadiga, frio e esgotamento...»
Foi assim com sangue que se construiu a fortaleza. Como se o suor, o sangue, a carne dos cadáveres tivessem servido de argamassa a esses pedregulhos.
O caminho que vai de Arefu ao castelo é duro. Uma hora a andar, antes de se atingir algumas pedras daquilo que foi uma das mais poderosas fortalezas de Valáquia. A vista é vertiginosa, distinguindo-se a mancha vermelha das aldeias espalhadas pelos contrafortes alpinos. Lá longe, para norte, luzem os picos de neve dos montes Fagaras.
No pátio do castelo o visitante apercebe-se dos vestígios de uma abóbada, toda coberta de vegetação. Muito perto, vê-se a parte de cima de um poço, cheio de pedras, como se as muralhas do antigo castelo tivessem sido aspiradas pelo abismo, obstruindo para sempre a entrada do mundo subterrâneo.
Ao lado do poço há uma escada enterrada no solo, sem dúvida uma passagem secreta, de que muitos relatos falam, com acesso a uma gruta que os camponeses de Arefu chamam Privnit (A cave), situada na margem de uma torrente. Passados alguns metros de escuridão surge um montão de pedras que barram o subterrâneo.
Os camponeses da região comentam muitas vezes sobre o castelo maldito mas hesitam em ir até lá, pois que o sombrio herói de Bram Stoker assombraria para sempre aqueles lugares.
Para Radu Florescu – o histonador romeno –. «Além da águia e do morcego, as ruínas são frequentadas pelas raposas que procuram os ratos e alguma ovelha ou carneiro que, extraviados do rebanho, caíram num buraco e, prisioneiros no matagal, ali venham a morrer.
»O regougar que os cães selvagens soltam à Lua, sobretudo quando respondem aos uivos, resulta num concerto noturno que não se ouve sem um calafrio. De vez em quando também um urso ou um lince descem os montes Fagaras até aí; mas os visitantes verdadeiramente perigosos são os lobos. Se Bram Stoker escoltasse a parelha de Drácula com as matilhas uivantes para os lados de Borgo, aqui, no alto vale de Argens, as pessoas seriam com certeza atacadas, pois a desolação de Inverno torna esses animais raivosos. Compreende-se assim que pernoitar no castelo de Drácula seja considerado um desafio à morte e mesmo os mais ousados raramente o fazem».
Diz-se que em Arefu os raros aldeões que de noite vão ao castelo, só se aventuram levando consigo um velho missal que, afirmam eles, afasta «os espíritos do mal que rondam pelas alturas».

O vale dos imortais

No seu romance Drácula, Bram Stoker garante ter encontrado, em 1880, um professor Arminius, da universidade de Bucareste que lhe entregou um dossier «respeitante a V1ad V, filho de V1ad, o Diabo» atestando que depois da morte brutal, da sua inumação na ilha de Snagov, seguido do famoso cataclismo que arrasou a ilha, Drácula reapareceu como «vampiro».
«Pedi ao meu amigo que pusesse em ordem o seu dossier. Todas as fontes de informação levam a pensar que Drácula foi um voïvode que ganhou o seu apelido ao combater os turcos no grande rio, sobre a fronteira da terra turca. Sendo assim, não se trata de um homem vulgar, porque no tempo dele e nos séculos seguintes foi considerado o mais inteligente, o mais ardiloso e valente entre todos os que existiam para além das florestas (Transilvânia), Levou para o túmulo esse poderoso cérebro e um caráter de ferro que ‘utiliza agora contra nós’. Os Drácula, diz-nos Arminius, foram uma grande e nobre raça, ainda que certos descendentes seus (segundo os contemporâneos) tivessem pacto com o diabo. Aprenderam o segredo de Satanás no Scholmance, entre montanhas, sobre o lago Hermanstadt, onde o demônio se reclama, por direito, o décimo erudito.
»No manuscrito encontram-se palavras como estrgoica (feiticeira), Ordog (Satanás), polok (inferno), e ainda se diz neste momento que Drácula, era wampir».
Nos contrafortes dos Cárpatos, nos vales da Transilvânia, as aldeias fazem a época histórica dos Drácula. De longe em longe destinguem-se granjas de madeira, para onde o camponês conduz o seu atrelado. O caminho é escarpado, todoexposto ao sol ao longo das encostas íngremes que levam a cumes solitários. Umas vezes aparece uma cabana de caçadores, um cal vário... meio engolido pela vegetação. Outras vezes surge alguma ruína imponente coroando a colina, os muros de uma antiga fortaleza colocada de sentinela à entrada de uma garganta profunda, ao fundo da qual brilham como um espelho as águas de uma ribeira.
E fácil compreender por que este território inacessível foi noutros tempos a pátria dos Dácios, «o vale dos imortais», que os antigos gregos veneraram.
Num livro misterioso, chamado L’ lcosameron Giacomo Casanova – gentil-homem veneziano, libertino, filósofo e mágico – conta-nos de um povo que vivia no subsolo da Transilvânia, os Mégamicres, bebendo sangue para se tornarem imortais:
«Que belo alimento era o leite dos Mégamicres!... Pensamos que nada de fabuloso nos ensinara a mitologia, que estávamos no verdadeiro domicílio dos imortais e que o leite sugado por nós representava o néctar, a ambrósia, que iria sem dúvida dar-nos a imortalidade de que todos deviam desfrutar... Esta refeição durou uma hora e penso que teríamos ainda continuado não fora verificarmos com pavor algumas gotas que caíram dos seus mamilos para o nosso peito. Pela cor percebemos que era sangue.
»Intermináveis corredores ligam o mundo subterrâneo dos Mégamicres à região do lago Zirchnitz, na Transilvânia, que Casanova descreve como um ‘reino de grutas e de trevas’.»
Quais são os deuses venerados pelos Mégamicres, em Icosameron? Lendo a descrição que Giacomo Casanova nos faz, pensamos nos vampiros que povoam a tradição de Europa central:
«...Os deuses dos Mégamicres são répteis. Têm a cabeça muito parecida com a nossa, mas sem cabelo. Nada é tão doce e sedutor como o seu olhar, quando se fixa. De dentes são brancos e bicudos, mas nunca se vêem por eles terem sempre os beiços fechados. A voz é apenas um horrível silvo que faz ranger os dentes e gelar o coração. O povo dos Mégamicres dedicam-lhe 1m culto religioso.
»A vida e a morte de Casanova continuam misteriosas. Foi preso em Veneza, pela Inquisição, acusado de magia e fechado nos esgotos do Palácio ducal, donde conseguiu fugir e correr a Europa. Manuzzi – espião dos inquiridores de Veneza, conseguiu apoderar-se de livros e documentos manuscritos em sua casa, tais como as Clavicules de Salomon,as obras de d’Agripa, e o Livre d’Abramelin le mage (publicado em Veneza).
No seu L’ Icosameron, Casanova revela que os Mégamicres são os inimigos do envelhecimento, e que nunca envelhecem:
«O sono profundo», escreve ele, «uma tão perigosa languidez, que é visível que nos faz envelhecer e acelera o ritmo das nossas vidas...»
Sabe-se que Drácula foi enterrado na ilha de Snagov, à entrada da igreja do mosteiro, e procedeu-se as várias buscas em vão. O túmulo está vazio, acontecendo o mesmo com o de Giacomo Casanova, enterrado no parque do castelo de Dux, na Boêmia, sob uma pedra tumular rodeada por um gradeamento. Depois foi transladado para poucos metros de distância, perto da entrada da pequena igreja de Santo Eustáquio, na margem de um pequeno lago...
Hoje não existem nem as lages sepulcrais nem gradeamento! Que coincidência tão estranha até à morte... Drácula e Casanova!... Coincidências ou conjugações de forças secretas para lá da nossa compreensão?... Os imortais bebedores de sangue de Giacomo Casanova viveram em tempos longínquos na Transilvânia, perto do lago Zirchnitz, numa região de «grutas e trevas».
A Transilvânia foi a pátria dos dácios muito antes da era cristã. Os gregos acreditavam que este enclave de montanhas era o «Vale dos imortais».
A antiga terra dos dácios era pagã. «Aí existiam, governados pela misteriosa deusa Mielliki, as forças dos bosques, enquanto a oeste a montanha de Nadas tinha o vento como único habitante. Havia um deus único, mas nos Cárpatos supersticiosos havia sobretudo o diabo Ordog, servido por feiticeiras que, por sua vez, tinham ao seu serviço cães e gatos pretos. E tudo vinha dos elementos da natureza e de suas fadas... No meio das árvores sagradas, de carvalhos, de nogueiras fecundas, celebravam-se secretamente os cultos do Sol e da Lua, da aurora e do cavalo preto da noite.»
Testemunhas da Grécia antiga recordam ter visto legiões de dácios em pé de guerra, armados de escudos, trazendo a efígie do dragão nas armas de guerra.
Para os raros viajantes da Antiguidade, este povo selvagem corresponderia aos Hiperboreanos da mitologia, os homens-deuses que venceram a morte e reinaram na ilha de Thulé (Os filósofos gregos e pessoas que em viagem citam a Dácia hiperboreana).
Os dácios consideravam-se imortais. Tinham – acreditavam eles – o dom de se transformar em lobo ou em morcego, de voar, de dialogar com os deuses no alto das montanhas. Os lugares escolhidos para os rituais eram sobre os picos rochosos, no interior de grutas inacessíveis. E sobre estes cumes que os grandes senhores – Drácula, Garal, Cillei – construíam seus ninhos de águias.
A suprema autoridade religiosa dos dácios, aquele que detinha os segredos da vida e da morte, viveu, ma das florestas da Transilvânia, no cimo de uma montanha agreste na qual construíram um templo. Supõe-se hoje que tivesse sido o monte Cugu, que se eleva a três mil metros de altitude nos confins de Banat e da Transilvânia.
Para os «padres» dácios, a divindade suprema chama-se Zalmonix. E ela que preside à iniciação.
Entre Zalmonix e os sacerdotes de Transilvânia existem outros seres que servem de intermediários entre os homens e a divindade suprema. Estes seres seriam eventualmente os vampiros ou mortos-vivos, isto é, aqueles que venceram a morte e que têm o poder de voltar ao meio dos homens, segundo a sua vontade.
O príncipe romeno Bursan-Ghica, exilado em Paris desde os anos 50, recorda ainda as velhas lendas da Transilvânia:
«Para comunicar com Zalmonix, os dácios têm de recorrer a mensageiros. Escolhem por isso os irmãos mais avançados em magia, aqueles que ultrapassaram o limiar da iniciação. Estes eleitos são os sacrificados. Os dácios trespassam-nos com as pontas das suas lanças. Mas sete dias depois, os corpos trespassados saem do túmulo e juntam-se aos outros. Tornaram-se imortais e farão de elo entre os Dácios e Zalmonix. Naturalmente que as lanças foram substituídas por agudas estacas que se plantavam na terra. Compreendem agora a realidade secreta da estaca dentro do vampirismo, e a razão por que o Drácula foi alcunhado de vlad, o empalador?...
Para certos ocultistas, fanáticos do vampirismo, o príncipe Drácula não seria um guerreiro sanguinário ao empalar as suas vítimas para seu prazer... antes cumpria as práticas da magia antiga e dos Dácios, seus antepassados, os imortais da Transilvânia.
Em 1462, Vlad Drakul foi preso na Hungria, na torre de Salomão, palácio de Visegrad. Segundo Kurytsint um diplomata russo, Drácula mantinha excelentes relações com os guardas. Fez-lhes um pedido que não deixa de ser curioso! Desejava que lhe arranjassem ratazanas, ratinhos, pássaros e outros animais pequenos.
Que razões secretas o levariam a tal? Kurytsint que estudou Drácula narra que ele empalava estes animalejos e os dispunha em redondo ou em cepa, espetados em raminhos afiados sobre o chão da sua cela. Os cronistas referem as distrações atrozes, de um sadismo monstruoso. As obras recentes acerca do personagem histórico Vlad Drakul (entre eles o livro do historiador Romeno Florescu) são bem o testemunho da opinião do autor quanto a tratar-se de perversões psicopatológicas. Apenas os ocultistas e os adeptos do vampirismo viram nelas o ressurgimento da antiga magia Dácia oferenda oculta único vínculo possível com Zalmonix deus dos vivos e dos mortos nas antigas crenças da Transilvânia


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Biografia de Abrão – o mago, o ocultista


Tudo o que se sabe sobre Abrão, o mago, alquimista, teólogo e filósofo do século XIV é diretamente derivado do manuscritos de posse da Bibliotheque de l'Arsenal em Paris, um arquivo, deve-se dizer, rico em fontes originais do ocultismo medieval.  O título completo da obra é em português "O Livro da Sagrada Magia de Abramelim, conforme passado por Abrão, o Judeu para seu filho Lamech." Inteiramente escrito em francês, este documento alega ser a tradução de um manuscrito ainda mais antigo em hebraico, e o estilo da caligrafia sugere um escriba que viveu no século dezoito ou no final do século dezessete. A grafia e gramática do texto sugerem que o autor era ou semiletrado ou pouco cuidadoso, possivelmente não tendo o francês como lingua nativa.
Abraão, (doravente chamado de Abraham para maior acuidade histórica) foi ao que tudo indica nativo de Mayence, nascido em cerca de 1362. Seu pai, Simon, também foi adepto das investigações ocultistas e da prática mágica e desde cedo guioi seu filho nos estudos. Numa certa fase da vida, a tutotia do pai da lugar a um outro professor indetificado com o nome Moses. Abraham no entando ao crescer, rapidamente supera seu segundo mestre ao ponto de o descrever por fim como "um bom homem, mas inteiramente ignorante do Verdadeiro Mistério e da Verdadeira Magia."
Sem um guia a sua altura, a fase sgeuinte da sua vida é dedicada a numerosas viagens educacionais ao redor do mundo conhecido. Com seu amigo Samuel, boemio por natureza, ele visita a Austria, a Hungria, a Grécia até chegar a Constantinopla (atual Istambul) onde fixou-se por aproximadamente dois anos. Após isso Abraham viajou para a Arabia, em sua época talvez o maior centro de aprendizagem mística do mundo onde dedicou mais alguns anos de vivência. Em seguida dirigiu-se para a Palestina e então para o Egito onde aprendeu uma grande quantidade de segredos ocultos.
Foi nas terras do Egito que Abraham conheceu Abra-Melin, célebre filósofo da região, a esta altura já com idade avançada em uma pequena cidade chamada Arach próxima ao Rio Nilo.  Lá ele vivia em uma casa modesta no topo de um pequeno monte coberto de árvores. Um homem gentil e educado, levando uma vida simples e regrada, apóstolo do Temor a Deus e evitando qualquer acúmulo de riquezas. Ele concordou em ensinar sua sagrada arte a Abraham com a promessa de que ele abandonaria seus falsos fogmas e passaria a viver no caminho e sob a lei de Deus.
Pelo presso de dez florins de ouro, que foram distribuidos aos pobres da cidade, Abra-Melin confiou a Abraham certos documentos contendo uma grande variedade de operações e segredos acumulados durante sua vida. Este conhecimento parece emergir de um cenário ocultista especificamente, mas não exclusivamente judaico. Um exemplo claro disso são as receitas que ele lega para a confecção do óleo e o incenso, que podem ser encontradas de forma idêntica no Pentateuco. Em Êxodo 30:23-25, temos a receita para o Óleo de Abramelim: "Também toma das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos, de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveiras um him." Pouco adiante em Êxodo 30:34-36, temos a receita para o Incenso de Abramelim: "Toma especiarias aromáticas: estoraque, e ônica, e gálbano, especiarias aromáticas com incenso puro; de cada uma delas tomarás peso igual; e disto farás incenso, um perfume segundo a arte do perfumista, temperado com sal, puro e santo e uma parte dele reduzirás a pó e o porás diante do testemunho, na tenda da revelação onde eu virei a ti; coisa santíssimá vos será."
Após isso Abraham deixa o Egito e segue para a Europa onde eventualmente fixa morada em Würzburg, na Alemanha, tornando-se profundamente envolvido com o estudo da Alquimia. Nesta época ele se casa com uma mulher, provavelmente sua própria prima, que lhe dá três filhas e dois filhos. O filho mais velho foi chamado Joseph e o mais novo recebeu o nome de Lamech.
Assim como seu pai, e provavelmente o pai de seu pai antes dele, Abraham instruiu seus filhos homens nos assuntos ocultos, enquanto que para suas filhas deixou dotes de 100,000 florins de ouro. Esta considerada soma de riqueza, assim como suas muitas viagens demonstram que Abraham foi um homem de posses, a quem nunca faltou sustento e recursos. Tesouro estes que o próprio mago atribuiu aos seus talentos como magista.
Ele também tornou-se célebre ao final da vida ao produzir impressionantes atos de magia na presença de pessoas famosas e importantes de sua época como o próprio Imperador Sigismund da Alemanha, o bisco de Würzburg, Henrioque VI da Inglaterra, o duque da Bavária e o papa João XXII. Aqui a narrativa se encerra e não existe detalhes sobre o final da vida de Abraham, sendo que a data e circustancias de sua morte são incertas, embora seja estimada como ocorrida em meados de 1460.


A Sagrada Magia de Abra-Melin


O documento mencionado, que é a origem destas informações biográficas foi traduzido em 1896 por Samuel Liddell MacGregor Mathers, um dos fundadores da Hermetic Order of the Golden Dawn e tornou-se um dos tomos mais importantes da magia cerimonial. As  traduções mais recentes para o inglês feita por Georg Dehn e Steven Guth atribuem a autoria e e identidade histórica de Abraham com a de Rabbi Yaakov Moelin יעקב בן משה מולין. Diversos fatores nos levam a crer que Abraham, o Judeu é o pseudônimo ou o nome iniciático deste Rabbi, pois muitos dados biográficos deles se encaixam como uma luva na narrativa acima passada.
A primeira parte desta obra conta a própria história de vida de Abraham, tal como aqui mencionada. A segunda parte é baseada nos documentos entregues por Abra-Melin durante sua viagem ao Egito. Nesta seção do manuscrito são expostos os princípios gerais da magia, incluindo o capítulos como "Quais são e quais são as classes da Verdadeira Magia"? "O que deve ser levado em consideração para uma operação mágica", "Como convocar os Espíritos" e "De que maneira devem ser feitas as operações"
A terceira parte do documento é bem menos teórica e o autor supões que seu leitor sabe a base do que está sendo exposto. Aqui são tratadas a parte prática da operação mágica. São técnicas com vários propósitos como: provocar visões, reter espíritos familiares, dominar tempestades, transformar coisas e pessoas em diferentes formas e figuras, voar através dos ares, destruir edifícios, curar doenças, descobrir objetos roubados e caminhar debaixo d`agua. O autor ainda trata da cura taumaturgica de males como a lepra, a paralisia, a febre e o mal estar geral. Ele também oferece conselhos sobre como fazer-se amado por uma mulher e como conseguir o favor de papas, imperadores e pessoas influêntes. Muitas dessas façanhas são realizadas pelo emprego adequado de quadrados e signos cabalísticos. Com eles o autor ensina como causar visões específicas como a de homens armados, ou mesmo como evocar "Comédias, Operas e todo tipo de Música e Dança". Diferentes símbolos representam diferentes resultados nas operações.
O temperamento e personalidade de Abraham é revelado nas entrelinhas da obra. Nela há um evidênte pouco caso de quase todos os magistas de sua época e um quase desprezo de todas as obras ocultas que não as dele mesmo ou de seu mestre Abra-Melin. Abraham critica abertamente todos aqueles que se contentam com os dogmas das religiões em que nasceram e aponta que ninguém culpado desta falha jamais atingirá qualquer sucesso nas práticas da magia. A doutrina fundamental do livro é que o cosmos é povoado por hostes de anjos e demônios. Os demônios trabalham em última instância, sob a direção dos anjos O homem situa-se entre as forás angélicas e demoniacas. E a cada homem é designado um anjo protetor e um demônio tentador. O objetivo dos grandes iniciados é controlar seu demônio e atingir o contato e conversação com seu sagrado anjo guardião. Uma vez que tenha atigido este grau elevado o magista tem ao seu controle todos os espíritos infernais, e portanto grande poder sobre a criação. Apesar dos claros benefícios materiais e pessoas óbvios, em seus escritos existe uma fé bastante forte de que isso pode e deve ser feito não apenas para o benefício imediato do mago, mas sim como uma conquista que afeta imediatamente a posição da humanidade no cosmos.


O impacto no ocultismo posterior


Após a tradução de MacGregor Mathers, este sistema ganhou um lugar de destaque no ocultismo ocidental igualavel ao sistema enoquiano e as chaves de Salomão. Sua herança direta pode ser encontrada no Hermetismo, no Rosicrucianismo, na Thelema e mesmo  no Neopaganismo. Sem muita procura pode ser visto nas obras ocultistas posteriores encabeçadas pelo próprio Mathers, assim como nos trabalhos de Aleister Crowley e Dion Fortune. O primeiro obstáculo desta nova geraçao foi tentar sobreviver diante do forte monoteísmo abraamico que permeia todo o sistema de Abra-melin. O temor a Deus é o primeiro e  mais necessário requisito da obra e a todo tempo lembrada. Orações incessantes e leitura constante dos textos bíblicos fazem parte do processo que leva ao contato do Sagrado anjo Guardião. De fato, todos os outros tipos de operações mágicas são tidas por Abraham como falsas e inúteis, verdadeiras armadilhas dos demônios para afastar os adeptos do caminho da Grande Obra. Foi necessária uma releitura histórica de todo o manuscrito para que ele pudesse ser usado em uma época tão mais laica como os século XIX e XX. 

O grimório de Abramelim passou a ser visto então como uma coletânea de conhecimentos mágicos muito mais antigos, na mesma medida em que Plotino e Agostinho de Hipona fizeram os ensinamentos de Platão atravessarem a Idade Média, Abramelim foi o responsável por apresentar os mistérios Egípcios e Babilônicos numa roupagem monoteísta. Na perspectiva do ocultismo renascente do período de Crowley e compania, o judeu Abraham aproveitou o trabalho demagistas mais antigos e dos sacerdotes da antiguidade e encharcou com toda a submissão e servidáo própria de sua religião. 
Na mão dos autores modernos, o Anjo Guardião de Abraham desdobrou-se em equivalentes como o Gênio da Golden Dawn, ao Augoeideis de Iamblichus, ao Atman do Hinduismo e ao Daemon dos gnósticos. É Cristo em Jesus e Budha em Sidarta. A roupagem judaica foi portanto eliminada em prol de uma imersão com a egrégora mais antiga, mais primal e atávica.
Na magia cerimonial o objetivo é portanto conseguir uma conexão com esta realidade intima superior. Em Magick Without Tears, Crowley é enfático ao dizer: "Nunca se deve esquecer nem por um momento que o trabalho central e essencial do magista é atingir o Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Uma vez que seja atingido ele deve é claro se inteiramente deixado nas mais deste Anjo, que pode ser invariavelmente e inevitavelmente levá-lo ao grande passo seguinte - atravessar o Abismo e obter o grau de Mestre do Templo." 
Depois da edição de Mathers uma nova edição foi publicada em 1970 reapresentando a história de Abraham e o sistema de Abra-Melin a uma nova geração de magistas, muit mais acostumados com a experimentação e muito menos dada a dogmatismos de qualquer tipo. Apesar do respeito histórico pelo autor, existe uma tendência na maioria dos magistas contemporâneos em afirmam que em realidade o "Anjo da Guarda" de Abraham é o arquétipo profundo do Eu Superior, o Kia de Austin Spare ou do Self, para usar termos psicológicos atualizados. Ao atingir este estado de integração o adepto se torna consciênte de sua Verdadeira Vontade. Sua vida então é esclarecida com seu propósito. Com isso em mente, a operação de Abra-Melin se torna uma exploração do Eu Interior em direção a natureza divina que existe em potencial dentro de cada um. No Brasil, a editora Madras publicou uma edição sob o título "Santo Anjo Guardião - A Magia Sagrada de AbraMelin, o Mago Atribuída a Abraão, o Judeu".


Sources:
The Book of the Sacred Magic of Abra-Melin the Sage. Translated by S. L. MacGregor-Mathers. Chicago: De Laurence, 1932. Reprint, New York: Causeway Books, 1974.
The Book of Abramelin: A New Translation
, Georg Dehn, transl. by Steven Guth, Ibis Publishing, 2006)
Santo Anjo Guardião - A Magia Sagrada de AbraMelin, o Mago Atribuída a Abraão, o Judeu, Editora Madras


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Biografia de São Cipriano


São Cipriano, ou Cipriano de Antióquia, como era chamado foi um poderoso mago e feiticeiro, nascido na Fenícia.  Seus pais de Cipriano eram pagãos e percebendo nele poderes que o diferenciavam dos outros homens, destinaram-no para servir as suas divindades que exigiam sacrifícios e assim ele foi desde cedo iniciado nos profanos conhecimentos e mistérios daquele tempo.

Com trinta anos, foi para a Babilônia onde deveria aprender a astrologia e os mais profundos mistérios dos caldeus, ao mesmo tempo em que se entregava a uma vida impura e escandalosa. Para poder estar mais ligado aos demônios estudou magia e chegou a associar-se à velha Bruxa Évora, conhecida como a mais poderosa cartomante e interpretadora de sonhos.
Quando a Bruxa morreu, já com bastante idade, deixou-lhe todos os seus segredos e descobertas, cuidadosamente compilados em seus manuscritos, material que seria de grande utilidade para Cipriano.

Imediatamente Cipriano foi se tornando o mais famoso feiticeiro, e cada vez mais ávido por conhecimentos, passava os dias e as noites debruçado sobre os manuscritos estudando alquimia e todos as suas novas descobertas eram anotadas nos mais diferentes lugares (mesas, cadeiras, paredes etc.) isso para não correr o risco de esquecê-los e também para que se tornasse mais fácil qualquer consulta.

Cipriano tinha um companheiro chamado Euzébio, conhecera-o nos bancos escolares. Euzébio era cristão e não cansava de censurá-lo sobre a sua má vida, e fazia todos os esforços para arrancá-lo daquele abismo. Mas Cipriano ridicularizava-o bem como os virtuosos professores da lei cristã, e seu 6dio chegou a tal ponto que uniu-se aos bárbaros perseguidores, a fim de obrigar os cristãos renunciarem o evangelho e renegarem a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas quis a infinita misericórdia Divina que vivesse em Antióquia, uma bela e rica donzela de nome Justina, educada pelos pais ao paganismo e suas superstições. Jus-tina era dotada de qualidades excepcionais e não podia aceitar aquele modo de vida e certa vez, vende Praialo, diácono de Antióquia, pregar, imediatamente renunciou ao paganismo, convertendo-se ao catolicismo, chegando mesmo a converter seus próprios pais.

Justina passou a consagrar sua virgindade e virtudes, entregando-se a orações e ao retiro. Aglaide, um jovem que vendo-a tomou-se imediatamente de amores pela donzela, que embora tendo os consentimentos dos pais para namorá-lo, ela o repudiou.

Aglaide procurou Cipriano, solicitando-lhe que empregasse todos os seus conhecimentos para dar-lhe Justina. Os mais terríveis e abomináveis sacrifícios foram oferecidos aos demônios e estes logo prometeram satisfazer os caprichos do jovem enamorado e passaram a perseguir Justina com terríveis visões fantasmagóricas. Porém ela não se intimidou — estava por demais fortalecida em Deus para sucumbir e sobretudo com seu fervor a Santíssima Virgem Maria (a quem ela chamava sua mãe amantíssima), conseguiu sair-se sempre vitoriosa.

Cipriano ficou indignado, afinal havia encontrado uma frágil e jovem criatura que o havia derrotado. E assim falou Cipriano ao demônio: "Tu que tanto te jactas do teu poder e de obrar prodigiosas maravilhas, nada podeis fazer contra uma simples donzela. Falai-me: de onde provém as armas daquela jovem virgem que inutiliza todos os meus esforços?”.

E o demônio explicou que a arma de Justina era uma cruz da qual não se separava. Por isso não chegava nem se aproximar da jovem e a cruz obrigava-o afastar-se.

“Se assim é — replicou Cipriano, — seria eu um louco em não estar servindo a um Senhor mais poderoso que tu”. Se a cruz, em que morreu o Deus dos cristãos, tem o poder de fazer-te fugir, não quero mais estar a serviço de ti e renuncio inteiramente os teus sortilégios, esperando da bondade do Deus de Justina para me redimir de todo o meu mal e ter-me como seu humilde servo''.

Daí em diante, Cipriano teve seu corpo tomado dos mais terríveis demônios, mas saiu-se completamente vitorioso, seu coração já estava habitado pelo Deus de Jus-tina e este Deus deu-lhe a suprema vitória. O demônio era mais urna vez derrotado e derrotado por um dos seus mais fervorosos adeptos.

Neste transe terrível, Cipriano foi muito ajudado pelo seu amigo Euzébio, que sempre o encorajava dizendo que Deus Todo Poderoso não desampara seus filhos, e ele, Cipriano, não devia jamais deixar de invocar o nome de Jesus, fazer o sinal da cruz e pedir a assistência da Santíssima Virgem Maria.

Já convertido, Cipriano apressou-se em distribuir os seus bens aos necessitados e seus manuscritos, bem como os apontamentos da Bruxa Évora, ele os guardou no fundo de uma grande arca, trancando-a com poderoso cadeado. Muito embora Cipriano reconhecia que os mesmos não tinham nenhum valor contra o Deus Todo Poderoso, adorado por Justina e Euzébio, ele reconhecia que aqueles documentos poderiam, no futuro emancipar muitas dúvidas e elucidar certos mistérios.

Daí por diante, a vida de Cipriano mudou por completo, passou a dedicar-se ao estudo da medicina e religião, e pelos sentimentos humanitários, começou a proteger os pobres e praticando curas milagrosas.

Cipriano também conseguiu converter Aglaide, o apaixonado de Justina e ambos foram batizados pelo bispo. Justina vendo aquele maravilhoso milagre operar-se diante dos seus olhos, comovida com a misericórdia de Deus, não titubeou em cortar os cabelos em sinal do sacrifício que fazia a Deus da sua virgindade e repartiu com os pobres todos os seus bens.

A fim de redimir dos seus pecados, Cipriano passava horas a fio, no interior da igreja, prostrado e rogando a todos os fiéis que implorassem a Deus a absolvição de todos os seus pecados. Sua humildade chegou a tal ponto de pleitear para si o serviço de varredor da igreja.

Ele residia com o presbítero Euzébio, a quem venerou sempre como seu pai espiritual. E o Divino Senhor, que se digna ostentar tesouros da sua demência sobre as almas humildes sobre os grandes pecadores verdadeiramente convertidos, lhe concedeu a graça de obrar milagres. Isto, aliado à sua natural eloqüência, contribuiu para que o número de fiéis aumentassem de uma maneira impressionante e jamais vista.

Seu trabalho foi se agigantando de uma maneira tal que Cipriano não podia passar desapercebido dos imperadores que viam seus fiéis adorando outro deus. Imediatamente, Deocleciano foi informado em Nicodemia, a respeito das maravilhas operadas por Cipriano e da santidade da virgem Justina.

Deocleciano expediu ordem para o juiz Eutholmo, governador da Fenícia, que prendessem ambos sem mais demora. Ambos foram conduzidos à presença do juiz, mas tal foi a convicção e a firmeza da fé que confessaram em Jesus Cristo, que condenou Justina a ser açoitada em praça pública e que Cipriano tivesse suas carnes despedaçadas por um pente de ferro.

Vendo que tal suplício não abalava a fé daqueles religiosos, o bárbaro, ímpio, mandou que eles fossem jogados numa caldeira cheia de breu, banha e cera, a ferver. Ainda assim não conseguiram arrancar um só gemido dos mártires, pelo contrário, seus rostos eram iluminados por um sorriso de prazer e satisfação. E até percebia-se que o fogo sob a caldeira não tinha o mínimo calor.

O feiticeiro Athanasio (que durante certo tempo foi discípulo de Cipriano, julgou que aquilo tratava-se de um novo sortilégio do seu antigo mestre e querendo ganhar fama e reputação perante o povo e os soberanos, invocou os demônios com suas falsas teorias e atirou-se no interior da caldeira onde se achavam Cipriano e Justina. Porém, estes saíram ilesos, enquanto Athanasio teve morte horrível.

O povo esteve a ponto de se levantar a favor dos mártires, e vendo o risco que corria, o juiz achou conveniente mandá-los a Deocleciano que estava em Nicodemia, ao mesmo tempo que informava, por escrito, ao soberano, tudo quanto havia ocorrido. A carta foi lida e sem mais nenhum julgamento ou consideração Deocleciano condenou Cipriano e Justina à morte por degolamento.

A execução deu-se no dia 26 de setembro, quando apareceu um cristão de nome Theotisfo para falar em segredo com Cipriano. Isto bastou-lhe para que também fosse condenado à morte nas mesmas circunstâncias.

Durante a noite, seus corpos foram recolhidos pelos cristãos que os transportaram a Roma, onde estiveram ocultos em casa de uma pia senhora, até que, no tempo de Constantino o magno, foram transladados para a Basílica de São João de Latrão.

Muito tempo depois, os manuscritos de São Cipriano foram encontrados na sua velha arca, e levados para a Biblioteca do Vaticano em Roma. Os documentos estão redigidos em língua hebraica. Muitas foram as suas traduções e elas tem servido como base de muitos livros e estudos sobre o ocultismo, que tanto pode servir para o bem domo o mal.




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22 de outubro de 2012

Conheça a linguagem secreta dos Simbolos. Nova Ordem Mundial


Sobre Anjos e Demônios - Excertos do livro Magus



Capítulo VI


SOBRE AS INTELIGÊNCIAS E OS ESPÍRITOS, E SOBRE OS TRÊS TIPOS DELES, E SOBRE SEUS DIFERENTES NOMES, E SOBRE OS ESPÍRITOS INFERNAIS E SUBTERRÂNEOS

Continuando, devemos falar sobre as inteligências, os espíritos e os anjos. Uma inteligência é uma substância inteligível, livre de qualquer massa corpórea grosseira e perecível, imortal, insensível, que ajuda tudo e tem influência sobre tudo. As inteligências, os espíritos e os anjos têm a mesma natureza. Chamo de anjos não aqueles a quem normalmente chamamos de demônios, mas os espíritos que, na acepção da palavra, sabem, entendem e conhecem.
Há três tipos destes, de acordo com a tradição dos magos. Os primeiros chamados de supercelestes, com mentes totalmente isentas de corpo, esferas intelectuais adorando um único Deus, sua unidade ou centro mais firme e estável. São chamados de deuses por participarem da Divindade e estarem sempre plenos de Deus. Estes permanecem sempre ao redor de Deus, não regem os corpos do mundo nem são designados para governar as coisas inferiores, mas infundem nas ordens inferiores a luz recebida de Deus, distribuindo a cada um a sua tarefa. Os segundos são as inteligências celestes, chamados de anjos do mundo, designados para as esferas no mundo além do culto divino, e para o governos de cada céu e cada astro. São divididos em tantas ordens quantos céus existirem no mundo e quantos astros existem nos céus. São chamados de Saturninos os que governam o céu de Saturno e o próprio Saturno, de Joviais os que governam o céu de Júpiter e o próprio Júpiter, e assim por diante todos os nomes dos diferentes anjos assim como as virtudes de outros anjos. 
Como os astrólogos concebem cinquenta e cinco movimentos, eles inventaram o mesmo número de inteligências ou anjos. Colocaram no céu estrelado anjos que regessem os signos, as triplicidades, os decanatos, os quinários, os graus e os astros. Embora a escola do peripatetismo designe apenas uma inteligência para cada um dos orbes dos astros, e cada astro e cada porção pequena do céu tenha seu próprio poder e sua própria influência, é necessário também que tenha sua inteligência regente para conferir poder e operar. Portanto, estabeleceram doze príncipes dos anjos que regem os doze signos do zodíaco, e trinta e seis que regem o mesmo número de decanatos, e setenta e dois que regem o mesmo número de quinários do céu, e as línguas dos homens e as nações, e quatro que regem as triplicidades e os elementos, e sete governadores do mundo todo de acordo com os sete planetas. E a todos deram nomes e selos, ao que chamam de caracteres, e usaram-nos nas suas invocações, encantamentos e gravuras, inscrevendo-os nos instrumentos de suas operações, imagens, pranchas, espelhos, anéis, papéis, velas e coisas semelhantes. Se operavam pelo Sol, invocavam o nome do Sol e os nomes dos anjos solares, procedendo da mesma maneira em relação aos outros. Em terceiro lugar, eles estabeleceram como ministros os anjos para dispor as coisas que estão abaixo, chamados por Orígenes de poderes invisíveis, aos quais as coisas da terra são designadas para serem ordenadas. Às vezes, orientam, invisíveis, nossas viagens e todos os nossos negócios, frequentemente estão presentes nas batalhas, e, com ajuda secreta, proporcionam aos seus amigos o sucesso desejado, pois podem proporcionar prosperidade e infligir adversidade ao seu bel-prazer. Estão subdivididos em ordens conforme sua essência: ígnea, aquática, aérea ou terrestre.
Estas quatro espécies de anjos são computadas de acordo com os quatro poderes das almas celestes, ou seja, a mente, a razão, a imaginação e a natureza vivificadora e movedora. Os ígneos seguem a mente das almas celestes, contemplando coisas mais sublimes. Os aéreos seguem a razão, favorecendo a faculdade racional, e de certa maneira, separam-na da sensitiva e vegetativa, servindo a uma vida ativa, assim como os ígneos servem à contemplativa. Os aquáticos seguem a imaginação, servindo a uma vida voluptuosa. Os terrestres seguem a natureza, favorecendo a natureza vegetal. Além disso, este tipo de anjos se distinguem em saturninos e joviais, de acordo com os nomes dos astros e dos céus; uns são orientais, outros ocidentais, outros meridionais e outros ainda setentrionais. Não há parte alguma do mundo destituída da ajuda adequada de um destes anjos – cada um reina num lugar específico, embora todos estejam por toda parte. Estes seres não estão sujeitos às influências dos astros, mas estão ligados ao céu acima do mundo, de onde todas as coisas recebem orientação específica e com o que todas as coisas devem estar conformes. Estes anjos são designados para diversos astros assim como para diversos lugares e épocas, não por serem limitados a qualquer lugar ou tempo, nem limitados aos corpos que governam, mas porque a Sabedoria Divina assim o decretou. Portanto, eles favorecem mais e apadrinham estes corpos, lugares, épocas e astros, recebendo o nome de diurnos, ou noturnos, ou meridionais, conforme o caso. Da mesma maneira que uns são chamados homens da floresta, outros montanheses, outros campesinos, outros domésticos, há deuses das florestas, deuses dos campos, sátiros, familiares, fadas das fontes, fadas das florestas, ninfas do mar, as náiades, as nereidas, as dríades, pieridas, hamadríades, patumidas, "hinnidas agapte", palas, parcadas, dodonas, fanilas, lavernas, parcas, musas, as graças, os gênios, os duendes, e assim por diante.
O povo chama-os de superiores; alguns, de semi-deuses e deusas. Alguns destes são tão conhecidos pelos homens que até são afetados pelas perturbações dos homens. Segundo Platão, os homens muitas vezes realizam coisas extraordinárias, orientados por estes seres, assim como orientados por outros homens. Alguns animais que conhecemos bem, tais como macacos, cachorros, elefantes, fazem coisas estranhas para sua espécie. Os que escreveram as crônicas dos dinamarqueses e dos noruegueses comprovam que vários tipos de espíritos dessas regiões se sujeitam às ordens do homem. Alguns deles parecem ter um corpo e são mortais, são concebidos e morrem, embora tenham vida longa segundo a opinião dos egípcios e dos platônicos, idéia especialmente defendida por Proclo, Plutarco, o filósofo Demérito, o retórico Emiliano. Portanto, estes espíritos do terceiro tipo, segundo a opinião dos platônicos, formam tantas legiões quantos astros existem nos céus, mas existem aqueles que pensam (como Atanásio) que o verdadeiro número dos espíritos bons é o mesmo dos homens, noventa e nove partes, segundo a parábola dos cem carneiros. Outros acham que seja de nove partes apenas, segundo a parábola dos dez bodes. 
Outros supõe que o número dos anjos é igual ao dos homens, porque está escrito que Ele determinou o número de pessoas de acordo com o número de anjos de Deus. Escreveram-se muitas coisas a respeito do número dos anjos. Os teólogos mais recentes, seguindo os mestres das sentenças Agostinho e Gregório, concluem que o número de anjos bons transcendem a capacidade humana. Por outro lado, correspondem-lhes inúmeros espíritos impuros, havendo tantos deles no mundo inferior quantos espíritos puros no superior. Alguns sacerdotes afirmam que isto lhes foi revelado. Abaixo destes existem espíritos subterrâneos os obscuros, os quais os platônicos chamam de anjos que falharam, designados pela justiça divina a serem os vingadores da iniquidade e da falta de fé. Chamam-nos de anjos malignos e espíritos nefastos porque frequentemente perturbam e ferem até por vontade própria. Formam muitas legiões correspondentes aos nomes dos astros e dos elementos, às partes do mundo, regido por reis, príncipes e soberanos. Quatro reis dos mais nefastos regem-nos de acordo com as quatro partes do mundo. Abaixo deles governam vários príncipes das legiões e muitos oficiais particulares. Daí os Górgones, Statenocte, as Fúrias, Tidifone, Alecto, Megera, Cérbero. Os seres deste tipo, como diz Porfírio, habitam o interior da própria Terra. Não há dano que não ousem cometer. Têm uma natureza violenta e agressiva, tramando e realizando danos violentos e repentinos. Quando fazem incursões às vezes se ocultam, às vezes atacam abertamente, comprazendo-se imensamente em todas as coisas nefastas e danosas.


Capítulo VII


SOBRE A ORDEM DOS ESPÍRITOS MALIGNOS, SUA QUEDA E SUAS DIFERENTES NATUREZAS

Dentre os teólogos, há alguns que classificam os espíritos malignos em nove graus, opostos às nove ordens de anjos. O primeiro destes é composto dos chamados falsos deuses, que, usurpando o nome de Deus se fazem cultuar como deuses e exigem sacrifícios e adorações, como o demônio disse a Cristo: "Se te prostrares e me adorares, dar-te-ei todas as coisas", mostrando-lhe todos os reinos do mundo. Seu príncipe é aquele que disse:
"Subirei acima das nuvens e serei como o Deus Altíssimo", chamado Belzebu, isto é, um deus antigo.
Em segundo lugar seguem-se os espíritos da mentira, como aquele que foi o espírito da mentira pela boca do profeta Ahab. Seu príncipe é a serpente Píton, daí Apolo ser chamado de Pítio e a mulher de Pitonisa, ou bruxa, em Samuel, como também aquela que tinha Píton em seu ventre, citada no Evangelho. Este tipo de demônio se agrega aos oráculos e engana os homens através de adivinhações e predições.
No terceiro grau estão os instrumentos de iniquidade, chamados de instrumentos da ira: são os inventores de coisas malignas e artes nefastas, como o demônio Teuto, citado por Platão, que ensinava o jogo de cartas e dados. Toda a maldade, a malícia e a deformação procedem deles, sobre quem, no Gênesis, nas ações de graça de Simeão e Levi, Jacó disse: "Instrumentos de iniquidade habitam suas casas, que minha alma não esteja em sua companhia". O Salmista chama-os de instrumentos da morte; Isaías, de instrumentos da fúria; e Jeremias de instrumentos da ira; Ezequiel, de instrumentos da destruição e da morte; seu príncipe é Belial, que significa: sem direção, um desobediente, um prevaricador e um apóstata. Paulo, escrevendo aos coríntios, diz sobre ele: "Que acordo tem Cristo com Belial?"
Em quarto lugar seguem-se os vingadores do mal, e seu príncipe é Asmodeu, aquele que provoca o julgamento.
Seguindo em quinto lugar vêm os enganadores, que imitam milagres, servem aos conjuradores e às bruxas, e seduzem as pessoas com seus milagres, como a serpente seduzira Eva; seu príncipe é Satã, de quem está escrito no Apocalipse: "Ele seduziu o mundo inteiro, fazendo grandes sinais e fazendo o fogo descer do céu, aos olhos dos homens, seduzindo os habitantes da terra por estes sinais, os quais lhe são permitidos fazer".
Em sexto lugar, os poderes aéreos oferecem-se para se juntarem ao trovão e ao relâmpago, corrompendo o ar, causando a pestilência e outros males. Fazem parte deles os quatro anjos mencionados no Apocalipse, aos quais é dado ferir a terra e o céu, segurando os quatro ventos dos quatro cantos da terra. Seu príncipe é chamado de Meririm. Ele é o demônio meridional, um espírito fervente, um demônio que agita o sul, a quem Paulo, na Epístola aos Efésios, chama de "príncipe do poder do ar e o espírito que domina sobre os filhos da incredulidade".
A sétima mansão é possuída pelas fúrias, que são poderes do mal, da discórdia, da guerra e da devastação. No Apocalipse, em grego, são chamadas de Apolion, em hebraico, de Abaddon, que significa destruição e devastação.
Em oitavo lugar estão os acusadores e os inquisidores, cujo príncipe é Astaroth, que significa "aquele que rastreia". Em grego, ele é chamado de Diabolus – acusador ou caluniador -, no Apocalipse, de "acusador dos irmãos, acusando-os dia e noite ante a face de Deus".
Os tentadores e os ardilosos vêm em último lugar. Um deles está sempre presente em cada homem: é o gênio maligno e seu príncipe é Mammon, que é "a malícia interpretada".
Nós, os cabalistas, afirmamos que os espíritos malignos andam para cima e para baixo neste mundo inferior, contra o qual se enfurecem, e a todos chamamos de demônios. Agostinho, no seu primeiro livro da Encadernação do Verbo, dirigindo-se a Januarius, diz que os pregadores eclesiásticos ensinaram que existiam os demônios e os anjos contrários às virtudes, mas não explicou claramente o que ou quem eles são. Entretanto, a opinião corrente entre eles é que esse demônio fora outrora um anjo, que se tornou apóstata e persuadiu muitos anjos a cair com ele, os quais até hoje são chamados de seus anjos. A Grécia, no entanto, não pensa que são amaldiçoados ou propositadamente malignos, mas que a ordem das coisas é assim desde a criação do mundo e que o tormento das almas pecadoras é entregue a eles. Outros teólogos dizem que nenhum demônio foi criado mau, mas que eles foram expulsos do céu, do meio das ordens de anjos bons, por causa de seu orgulho. Esta queda é confirmada não só por nossos teólogos hebreus, como também pelos assírios, árabes, egípcios e gregos. Fericies, o assírio, descreve a queda dos demônios, dizendo que Ofis, a serpente demoníaca, era líder das hostes rebeldes. A mesma queda é mencionada por Trismegisto no seu Pimander, e por Homero, sob o nome de Ararus, nos seus versos. Plutarco, em seu Discurso sobre a Usura, diz que Empédocles sabia que a queda dos demônios fora desta maneira. Os próprios demônios confessam frequentemente sua queda. Depois que foram expulsos para este vale de lágrimas, alguns próximos a nós erram neste ar obscuro, outros habitam os lagos, rios e mares; outros, a terra, e aterrorizam as coisas terrestres, atacam os que cavam poços e buscam metais, causam o tremor da terra abalando as bases das montanhas, perturbando não só os homens como outras criaturas também. Alguns se contentam com o riso e o engodo, procurando antes perturbar os homens que feri-los. Alguns se elevam à altura de gigantes ou se encolhem ao tamanho do anão, assumindo formas diferentes para amedrontar os homens. Outros estudam as mentiras e as blasfêmias, como lemos no terceiro livro dos Reis, que diz: "Serei um espírito da mentira na boca de todos os profetas de Ahab". Mas o pior tipo de demônio é aquele que arma emboscadas para fazer mal aos viajantes e rejubilia-se com as guerras e o derramamento de sangue, afligindo os homens com as mais cruéis torturas. Lemos sobre estes em Mateus: "por medo de quem nenhum homem ousa passar por este caminho". As Escrituras enumeram demônios noturnos, diurnos e merídios. Descrevem outros espíritos malignos com diferentes nomes, como lemos em Isaías sobre sátiros, mochos, sirenas, cegonhas e corujas. Em Salmos, lemos sobre víboras, basiliscos, leões, dragões. E no Evangelho, lemos sobre escorpiões, sobre Mammon, sobre o príncipe deste mundo, sobre os soberanos das trevas, cujo príncipe é Belzebu, chamado pelas Escrituras de príncipe da iniquidade.


Capítulo VIII


SOBRE A PERTURBAÇÃO DOS ESPÍRITOS MALIGNOS E A PROTEÇÃO QUE TEMOS DOS ESPÍRITOS BONS

Na opinião dos sacerdotes, todos os espíritos maus odeiam Deus e os homens. A Divina Providência designou os espíritos mais puros para que sejam nossos governantes e pastores, ajudando-nos todos os dias, afastando de nós os espíritos mais, refreando-os para que não nos magoem, o que certamente estes fariam não fosse isso. Em Tobias, lemos que Rafael prendeu o demônio chamado Asmodeu, aprisionando-o no deserto do Alto Egito. Hesíodo diz que há 30.000 espíritos imortais de Júpiter vivendo na Terra, que são guardiães dos homens mortais, que, para observar a justiça e os atos misericordiosos, vestiram-se de ar para poder andar por todos os lugares da Terra. Nenhum potentado poderia estar a salvo, nenhuma mulher continuaria pura, nenhum homem neste vale de ignorância poderia alcançar o fim para ele designado por Deus se os espíritos bons não nos protegessem, ou se os espíritos maus tivessem a permissão de satisfazer os desejos dos homens. Dentre os bons há um guardião ou protetor designado para cada ser humano, fortalecendo para o bem o seu espírito. Assim, um espírito mau é um inimigo que governa a carne e o desejo do homem, e o espírito bom luta por nós, protegendo-nos contra o inimigo e contra a carne. 
O homem se encontra no meio entre estes dois oponentes e está em suas mãos escolher a quem conceder a vitória. Portanto, não podemos negar o livre-arbítrio ou acusar os anjos de não levar as nações a eles confiadas ao conhecimento do verdadeiro Deus e da verdadeira piedade, deixando-as cair no erro e no culto perverso. Isto deve ser imputado às próprias nações, que por sua livre escolha declinaram do caminho verdadeiro, aderindo aos espíritos do erro, dando a vitória ao demônio. Está nas mãos do homem aderir a quem lhe aprouver, dominando a quem quiser. Aquele que dominar o demônio, torna-o seu servo; o demônio perde a possibilidade de lutar, como a vespa que perdeu seu ferrão. Orígenes concorda com essa opinião no seu livro Periarchon, concluindo que os santos lutam contra os espíritos maus e, vencendo-os diminuem seu exército, impossibilitando o vencido de perturbar mais alguém. É dado a cada homem um espírito bom, assim como um espírito diabólico; cada um busca unir-se ao nosso espírito, procurando atraí-lo para si, misturar-se com ele como o vinho à água. Os bons, por meio de todas as obras condizentes a eles, nos transformam em anjos, unificando-nos. Em Malaquias está escrito sobre João Batista: "eis que envio meu anjo ante sua face". Sobre esta transmutação e união está escrito que aquele que adere a Deus torna-se uno com ele. Um espírito mau, por meio de obras malignas, procura conformar-nos a si mesmo unindo-nos a ele, como Cristo fala de Judas: "Não é que escolhi doze, e um de vós é um demônio?". Hermes diz que quando um espírito tem influência sobre a alma de um homem, espalha a semente de sua própria noção, fazendo com que esta alma, plena de sementes, cheia de fúria, suscite coisas extraordinárias e todas as coisas pertinentes aos espíritos. Quando um espírito bom tem influência sobre uma alma santa, eleva-se à luz da sabedoria. Um espírito mau, no entanto, transfundido numa alma ímpia, estimula-a para o roubo, o assassínio, a luxúria e todas as coisas pertinentes aos espíritos maus. Os bons espíritos, como Jamblico diz, purgam perfeitamente as almas, alguns concedendo-lhes outras coisas boas. Estando presentes, dão saúde ao corpo, virtude e segurança à alma; tiram aquilo que é mortal em nós, cuidam do calor e tornam-no mais eficiente para a vida e, por harmonização, sempre infundem luz numa mente inteligente. Os teólogos diferem em opinião se há muitos guardiães do homem ou apenas um. Nós pensamos que há mais de um, como diz o profeta: "Ele encarregou seus anjos de guardar-te em todos os teus caminhos". Isto deve ser entendido, como diz Jerônimo, em relação a cada homem, assim como em relação a Cristo. Todos os homens são governados por um ministério de diferentes anjos e aqueles que se mostram merecedores deles são levados a um grau de virtude, merecimento e dignidade. 
Aqueles que se comportam sem merecimento são abandonados e derrubados para o mais baixo degrau de miséria, segundo os seus deméritos, tanto por espíritos maus quanto pelos bons. Aqueles que são entregues aos anjos mais sublimes são preferidos a outros homens, pois os anjos que cuidam deles exaltam-nos, sujeitando outras pessoas a eles por um certo poder oculto, e, embora ninguém perceba, o sujeitado sente um certo jugo de supremacia, do qual não pode livrar-se facilmente. Ele teme e reverencia este poder que os anjos superiores fazem fluir sobre os inferiores, e com um certo terror levam os inferiores a temer a supremacia. Homero parece ter percebido isso, quando disse que as musas geradas por Júpiter, ou falando figuradamente, os que por elas eram feitos veneráveis e magníficos. Lemos que Marco Antônio costumava sempre jogar com Otávio Augusto, por quem desenvolveu uma amizade invulgar. Como sempre, porém, Augusto saía vencedor. Um certo mago aconselhou Marco Antônio da seguinte maneira: "Ó Antônio, o que fazes com este jovem? Afasta-te dele, pois embora sejas mais velho do que ele, e mais habilidoso, e de melhor descendência, e passastes por guerras de mais imperadores, teu Gênio teme muito o Gênio deste jovem, e tua sorte lisonjeia a fortuna dele. A menos que to o evites, parece que tu te subordinarás a ele inteiramente". O príncipe não é igual a outros homens? Como outros homens o temerão e o respeitarão a não ser que o terror divino o exalte e inspira medo nos outros, reprimindo-os para que o reverenciem como um príncipe? Por isso devemos nos empenharmos em nos purificarmos com boas ações, seguindo coisas sublimes, escolhendo ocasiões e épocas oportunas, para que sejamos entregues aos cuidados de uma ordem de anjos mais sublimes e mais poderosos e possamos merecer a preferência.


Capítulo IX


QUE HÁ TRÊS GUARDIÃES DO HOMEM E DE ONDE CADA UM PROCEDE

Cada homem tem três daimons1 bons como seus guardiães ou protetores, sendo um santo, um do nascimento e um da profissão de fé. O daimon santo, de acordo com a doutrina dos egípcios, é designado à alma racional, não pelos astros ou pelos planetas, mas por uma causa sobrenatural, pelo próprio Deus que preside os daimons, universal e acima da natureza. Este orienta a vida da alma e sempre coloca bons pensamentos na mente, sempre a nos iluminar, embora nem sempre o percebamos. Quando estamos purificados e vivemos em paz, somos capazes de percebe-lo, e ele pode conversar conosco, comunicando-nos sua voz antes silenciosa, procurando sempre trazer-nos a uma perfeição sagrada. Assim acontece que uns aproveitam melhor alguma ciência, arte ou ofício, em menos tempo e com menos esforço, enquanto outros se esforçam muito e estudam intensamente, em vão. E embora nenhuma ciência, arte ou virtude deva ser desprezada, para viveres melhor continua teus negócios com contentamento, em primeiro lugar; conhece teu gênio2 bom e sua natureza, e tudo de bom que as predisposições celestes te prometem; conhece Deus, o distribuidor de tudo isto, que distribui a cada um como lhe agrada; segue os princípios, professa-os; tem bom desempenho na virtude para a qual o distribuidor altíssimo te eleva e te guia. Ele fez Abraão primar em justiça e clem6encia, Isaac, no temor, Jacó, na força, Moisés, em mansidão e milagres, Josué, na guerra, Fíneas, no zelo, Davi, na religião e na vitória, Salomão, no conhecimento e na fama, Pedro, na fé, João, na caridade, Jacó, na devoção, Tomé, na prudência, Madalena, na contemplação, Marta, no servir. Portanto, aplica-te para alcançar o máximo na virtude em que pensas poder ser mais produtivo, para que possas primar em uma se não puderes em muitas, mas procura ser o melhor que puderes nas outras. Se teus guardiães da natureza e da religião estiverem em harmonia, terás um progresso duplo na tua natureza e na tua profissão de fé. Se ,por outro lado, eles estiverem em desarmonia, segue o melhor, pois perceberás melhor na ocasião um protetor de uma profissão de fé excelente do que o do nascimento.


Capítulo X


SOBRE A LINGUAGEM DOS ANJOS, COMO CONVERSAM ENTRE SI E COMO CONVERSAM CONOSCO
Poderíamos duvidar se anjos ou daimons, por serem espíritos puros, usam qualquer discurso vocal ou linguagem entre eles ou conosco. Paulo diz em algumas ocasiões: "se falo na língua dos homens ou dos anjos". Muitas pessoas se perguntam qual será sua linguagem ou língua. Muitos pensam que, se os anjos usam um idioma, certamente é o hebraico, porque este foi o primeiro de todos e veio do céu, e existia antes da confusão de línguas na Babilônia. Ë a língua na qual foi dada a lei por Deus Pai, o Evangelho foi pregado por Cristo o Filho, e tantos oráculos foram dados aos profetas pelo Espírito Santo. E como todas as línguas tiveram que passar e passam por diversas mutações e transformações, esta é a única que continua sempre intacta. Um sinal evidente da validade desta opinião é que, embora este daimon e esta inteligência usem a linguagem das nações nas quais habitam, falam sempre em hebraico com quem entende esta língua. Mesmo assim, para nós é velada a maneira como os anjos falam, assim como velados estão eles mesmos para nós. Para falarmos precisamos de órgãos como a língua, as mandíbulas, o palato, os lábios, os dentes, a garganta, os pulmões, a áspera artéria e os músculos do peito, que são acionados pela alma. Se falamos distantes um do outro, precisamos elevar nossa voz. Se falamos próximos um do outro, podemos sussurrar no ouvido, como que unidos ao ouvinte, sem qualquer barulho, como uma imagem dentro do olho ou num espelho. Assim falam as almas que saíram do corpo, as anjos e os daimons. Aquilo que o homem faz com uma voz sensível, eles o fazem imprimindo a imagem do que estão dizendo naqueles com quem estão falando, de maneira melhor do se tivessem de se expressar numa voz audível. O seguidor de Platão diz que Sócrates percebia seu daimon pelos sentidos, não do seu corpo físico, mas pelo sentido do seu corpo etérico, oculto no físico. Avicena acredita que os anjos eram vistos e ouvidos pelos profetas desta maneira. Este instrumento, qualquer que seja sua virtude, pelo qual um espírito traz ao conhecimento do outro as coisas que estão na sua mente é chamado pelo apóstolo Paulo de língua dos anjos. Ainda assim, frequentemente eles emitem uma voz audível, como aqueles que gritaram na ascensão do Senhor: "Homens da Galiléia, por que estais a olhar para o céu?". E no Velho Testamento eles falavam com vários patriarcas com uma voz sensível, mas somente quando assumiam um corpo. No entanto, ignoramos totalmente com que sentido estes espíritos e daimons ouvem nossas invocações e orações e vêem nossas cerimônias.
Os daimons têm um corpo espiritual naturalmente sensível, que toca, vê e ouve sem qualquer meio e sem qualquer impedimento. Mas eles não percebem assim como nós, com diferentes órgãos, e sim como as esponjas que assimilam a água, assimilando todas as coisas sensíveis com os seus corpos ou de alguma outra maneira desconhecida para nós. Nem todos os animais são dotados desses órgãos, pois conhecemos muitos a quem faltam os ouvidos e mesmo assim percebem o som, embora desconheçamos como.



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